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Reabilitação Urbana: Como transformar paredes velhas em investimento inteligente

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 27 de nov.
  • 3 min de leitura

Reabilitar um imóvel em Portugal é mais do que recuperar património; é uma estratégia financeira inteligente. O Estado e os municípios têm criado uma "via verde" fiscal para quem decide investir na recuperação de edifícios, oferecendo um pacote de incentivos que pode reduzir drasticamente o custo final da obra e aumentar a rentabilidade do ativo. Mas atenção: estes benefícios não são automáticos. Exigem planeamento, enquadramento correto e, muitas vezes, certificação prévia.


Moradia em Sintra após obras de remodelação e reabilitação
Moradia em Sintra após obras de remodelação e reabilitação

O "Jackpot" fiscal da Reabilitação


Quando reabilita um imóvel localizado numa Área de Reabilitação Urbana (ARU) ou um edifício com mais de 30 anos, entra num regime fiscal de exceção. As poupanças podem atingir dezenas de milhares de euros.


1. IVA a 6%: A maior poupança imediata

O custo da obra baixa automaticamente 17%. Em vez da taxa normal de 23%, as empreitadas de reabilitação urbana pagam apenas 6% de IVA.

  • Condição: A obra deve ser de reabilitação (não apenas decoração) e o imóvel deve estar em ARU ou ser reabilitação qualificada.

  • Na prática: Numa obra de 100.000€, a diferença entre pagar 23% ou 6% de IVA representa uma poupança direta de 17.000€.


2. IMT: Isenção na compra

Se comprar um prédio degradado para reabilitar, pode ficar isento do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT).

  • Condição: Deve iniciar as obras num prazo definido (geralmente 3 a 5 anos) após a aquisição.

  • Impacto: Num imóvel de 300.000€, a isenção de IMT poupa cerca de 16.000€ a 18.000€ no momento da escritura.


3. IMI: Férias fiscais

Após a conclusão da obra, pode beneficiar de isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) por um período que varia entre 3 a 5 anos, podendo ser renovável em alguns municípios.

  • Vantagem: Elimina um custo fixo anual durante os primeiros anos de exploração ou habitação do imóvel.



Rentabilidade aumentada: IRS e Mais-Valias


Para quem investe para arrendar ou vender, os benefícios continuam após a obra:

  • IRS reduzido no arrendamento: Os rendimentos prediais de imóveis reabilitados podem ser tributados a uma taxa reduzida de 5% (em vez da taxa autónoma de 28%), mediante reconhecimento da Câmara Municipal.

  • Mais-Valias: Se vender o imóvel após reabilitação, pode beneficiar de tributação reduzida sobre as mais-valias (taxa de 5%), o que maximiza o lucro na saída do investimento.



Financiamento: O IFRRU 2020


Não é só de impostos que se faz o apoio. O IFRRU 2020 é o maior instrumento financeiro de apoio à reabilitação em Portugal.

  • O que é: Linha de crédito com condições muito mais favoráveis que a banca comercial (taxas de juro bonificadas, prazos de carência longos e maturidades até 20 anos).

  • Para quem: Particulares e empresas, para habitação ou atividades económicas.

  • Exigência: O projeto tem de incluir obrigatoriamente uma componente de eficiência energética (melhoria do desempenho térmico do edifício).



Conselhos para não perder dinheiro


A burocracia é o preço a pagar por estes benefícios. Para garantir que não falha nenhum apoio:

  • Localização é tudo: Antes de comprar, confirme na Câmara Municipal se o imóvel está numa Área de Reabilitação Urbana (ARU). Sem isso, muitos benefícios caem.

  • Certificação Prévia: Muitos incentivos exigem que a Câmara vistorie o imóvel antes e depois da obra para atestar que houve efetiva reabilitação e subida do nível de conservação (geralmente exige-se subida de dois níveis).

  • Faturas detalhadas: Para o IVA a 6%, as faturas da empreitada devem ser claras, identificando o local da obra e o enquadramento legal da taxa reduzida. Materiais comprados diretamente pelo dono de obra pagam 23%; apenas a fatura do empreiteiro (mão de obra + materiais) beneficia dos 6%.

  • Projeto de eficiência: Para aceder ao IFRRU, o projeto de arquitetura e especialidades deve ser acompanhado de um certificado energético que comprove a melhoria futura.



Para considerar


A reabilitação urbana não é apenas recuperar o passado; é construir património futuro com ajuda do Estado. A soma de IVA reduzido, isenção de IMT/IMI e taxas de IRS bonificadas pode transformar um projeto de rentabilidade marginal num investimento de alto retorno. Contudo, a complexidade dos processos exige rigor: um erro no licenciamento ou na instrução dos pedidos fiscais pode deitar tudo a perder.


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