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Custos-Padrão na Reabilitação: Quanto custa reabilitar por metro quadrado?

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 9 de set.
  • 4 min de leitura

Reabilitar um imóvel em Portugal é uma decisão cada vez mais frequente entre proprietários e investidores, seja para valorizar o património existente, adaptar o espaço às necessidades atuais ou tornar o imóvel mais eficiente energeticamente. No entanto, uma das principais questões que surge é: quanto custa verdadeiramente reabilitar um imóvel?

A resposta a esta pergunta tornou-se mais clara com a publicação da Portaria n.º 303/2019, que estabelece os custos-padrão para obras de reabilitação, permitindo uma melhor planificação e transparência nos projetos.


Apartamento pombalino após obras de reabilitação
Apartamento pombalino após obras de reabilitação

O que são os custos-padrão de Reabilitação?


Os custos-padrão são valores de referência oficiais estabelecidos pelo Governo português que definem quanto custa, por metro quadrado, cada tipo de intervenção na reabilitação de edifícios. Estes valores servem como base para:

  • Avaliar propostas de empreiteiros

  • Planear orçamentos de obra

  • Determinar o nível de intervenção necessário

  • Aceder a apoios e financiamentos públicos



Custos-padrão por elemento construtivo


Custos-padrão de reabilitação por elemento construtivo segundo a Portaria 303/2019


Custos de Reabilitação por elemento construtivo

Elementos da envolvente

Coberturas

  • Telha e estrutura de madeira: 140€/m²

  • Chapa sandwich: 120€/m²

  • Telha e esteira em betão: 85€/m²

Paredes Exteriores

  • Isolamento térmico: 50€/m²

  • Reboco e pintura: 25€/m²

Caixilharias

  • Substituição de portas e janelas: 180€/m² de vão


Sistemas Técnicos

Instalações

  • Instalação elétrica (renovação completa): 35€/m²

  • Água e esgotos: 25€/m²

  • Gás: 15€/m²

Climatização e Energia

  • Sistema de aquecimento central: 300€/m²

  • Ar condicionado (sistema split): 200€/m²

  • Painel fotovoltaico: 40€/m²

  • Coletor solar térmico: 30€/m²


Obras interiores

Por nível de intervenção

  • Com alteração de divisórias: 200€/m²

  • Sem alteração de divisórias: 150€/m²

  • Obras mínimas (pintura/acabamentos): 100€/m²

Divisões específicas

  • Casa de banho completa: 300€ por divisão (base 6m²)

  • Cozinha completa: 250€ por divisão (base 12m²)



Fatores que influenciam os custos de Reabilitação


Tipo de edifício

Os custos variam significativamente consoante a tipologia:

  • Edifícios pré-pombalinos: Requerem técnicas especializadas

  • Edifícios pombalinos: Estrutura de madeira exige cuidados específicos

  • Edifícios gaioleiros: Maior facilidade de intervenção


Nível de intervenção

A Portaria define três níveis principais:

  • Ligeiro: Principalmente revestimentos e acabamentos

  • Médio: Requer realojamento temporário dos ocupantes

  • Profundo: Trabalhos estruturais complexos


Estado de conservação

Edifícios com sinais evidentes de degradação podem requerer avaliação sísmica obrigatória, aumentando os custos.


Custos reais vs. Custos-padrão

Atenção: Os valores da Portaria são referências mínimas. Na prática, os custos de mercado podem ser superiores, especialmente em:

  • Centros urbanos como Lisboa e Porto

  • Obras com acabamentos premium

  • Intervenções em edifícios históricos

  • Projetos com elevada complexidade técnica

Segundo dados recentes, o custo médio de reabilitação situa-se entre 200€/m² e 800€/m², com uma média nacional de aproximadamente 300€/m².



Conselhos práticos para controlar custos


Antes de iniciar

  • Realize sempre um projeto de arquitetura detalhado

  • Solicite orçamentos a pelo menos três empresas

  • Verifique se o imóvel está numa Área de Reabilitação Urbana (ARU)

  • Consulte apoios municipais disponíveis


Durante a execução

  • Mantenha reserva de 15-20% para imprevistos

  • Acompanhe regularmente o progresso da obra

  • Documente todas as alterações ao projeto inicial

  • Verifique a qualidade dos materiais utilizados


Aspetos legais importantes

Para obras de reabilitação, é essencial considerar:

  • Licenciamento adequado junto da Câmara Municipal

  • Cumprimento das normas de acessibilidade

  • Avaliação sísmica quando obrigatória

  • Certificação energética atualizada



Tendências atuais do mercado


Aumento dos custos

Os custos de construção registaram aumentos significativos:

  • Materiais: primeira subida em quase 2 anos (+0,9% em 2024)

  • Mão-de-obra: aumentos consistentes acima dos 6% desde 2022


Materiais em destaque

Aumentos: betumes, carpintaria, betão, cimento

Descidas: madeiras, chapa de aço, produtos siderúrgicos

Elemento construtivo

Custo (€/m²)

Observações

Cobertura - Telha e estrutura de madeira

140

Por m² de cobertura

Cobertura - Telha e esteira betão

85

Por m² de cobertura

Cobertura - Chapa sandwich

120

Por m² de cobertura

Paredes Exteriores - Isolamento térmico

50

Por m² de parede exterior

Paredes Exteriores - Reboco e pintura

25

Por m² de parede exterior

Caixilharias - Substituição portas e janelas

180

Por m² de vão

Pavimentos - Renovação integral

45

Por m² de pavimento

Instalação Elétrica - Renovação completa

35

Por m² de construção

Instalação Água e Esgotos - Renovação

25

Por m² de construção

Instalação Gás - Nova instalação

15

Por m² de construção

Aquecimento Central - Sistema completo

300

Por m² de construção

Ar Condicionado - Sistema split

200

Por m² de construção

Painel Fotovoltaico

40

Por m² de painel

Coletor Solar Térmico

30

Por m² de coletor

Obras Interiores - Com alteração divisórias

200

Por m² de construção

Obras Interiores - Sem alteração divisórias

150

Por m² de construção

Obras Interiores - Mínimas (pintura/acabamentos)

100

Por m² de construção

Casa de Banho - Renovação completa

300

Por divisão (base 6m²)

Cozinha - Renovação completa

250

Por divisão (base 12m²)


Para considerar


A reabilitação de edifícios representa uma oportunidade única de valorização do património construído, mas requer planeamento cuidadoso e conhecimento profundo dos custos envolvidos. Os custos-padrão estabelecidos na Portaria 303/2019 fornecem uma base sólida para o planeamento, mas é fundamental complementar esta informação com orçamentos detalhados e específicos para cada projeto.

O investimento numa reabilitação bem planeada não só melhora a qualidade de vida dos ocupantes como contribui para a sustentabilidade urbana e a preservação do património arquitetónico nacional. Contudo, a complexidade técnica e regulamentar destes projetos torna indispensável o acompanhamento por profissionais qualificados desde a fase inicial.

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