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Como avaliar se o seu imóvel pode beneficiar das novas regras de Reabilitação: Lista de verificação essencial

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 27 de ago.
  • 4 min de leitura

A reabilitação urbana em Portugal ganhou um novo enquadramento legal que oferece oportunidades significativas para proprietários que desejam renovar e valorizar os seus imóveis. Com as alterações recentes na legislação, tornou-se mais acessível e vantajoso investir na recuperação do património edificado existente. Este post apresenta uma abordagem prática para identificar se o seu edifício pode beneficiar destas novas disposições, oferecendo-lhe as ferramentas necessárias para tomar decisões informadas sobre o futuro do seu património.


Prédio de habitação após obras de reabilitação e remodelação, em Almada
Prédio de habitação após obras de reabilitação e remodelação, em Almada

O que mudou na Legislação


O novo regime de reabilitação urbana introduziu tolerâncias específicas e critérios mais flexíveis para edifícios existentes, reconhecendo as características particulares das construções antigas. Esta evolução legislativa permite que muitos imóveis que antes enfrentavam dificuldades significativas possam agora ser reabilitados de forma mais eficiente e económica.


Principais benefícios do novo regime


  • Tolerâncias dimensionais específicas para construções existentes

  • Procedimentos simplificados para determinadas intervenções

  • Flexibilização de normas técnicas sem comprometer a segurança

  • Reconhecimento das características históricas dos edifícios



Lista de verificação: O seu edifício qualifica-se?


Características do edifício

Idade da construção:

  • Edifício construído antes de 1951 (anterior ao RGEU)

  • Construção entre 1951 e 1984 (período de transição normativa)

  • Edifício com características arquitetónicas de valor patrimonial

Estado de conservação:

  • Estrutura principal em bom estado

  • Necessidade apenas de intervenções de beneficiação

  • Obras de conservação e melhoramento necessárias

  • Potencial para melhoria das condições de habitabilidade


Dimensões e compartimentação

Áreas dos compartimentos:

  • Compartimentos com área inferior aos mínimos atuais

  • Possibilidade de reconfiguração de espaços interiores

  • Pé-direito adequado às funções pretendidas

  • Aproveitamento de sótãos ou caves para habitação

Segundo a Portaria n.º 243/84, são aceites tolerâncias como:

  • Compartimentos com área mínima de 8 m² (excepto cozinhas)

  • Cozinhas com área mínima de 4 m² (em casos específicos)

  • Pé-direito reduzido até 2,35 m

  • Circulações com largura de 0,9 m


Instalações e Infraestruturas

Instalações sanitárias:

  • Possibilidade de instalação de casa de banho completa

  • Acesso a redes de saneamento básico

  • Ventilação natural ou possibilidade de ventilação mecânica

Infraestruturas técnicas:

  • Ligação às redes públicas (água, luz, gás)

  • Possibilidade de instalação de sistemas modernos

  • Compatibilidade com normas de segurança atuais


Acessibilidades

  • Acesso independente ao edifício

  • Possibilidade de ligação às redes de infraestruturas

  • Avaliação das necessidades de acessibilidade específicas

  • Identificação de soluções técnicas viáveis


Aspetos legais e administrativos

Situação legal:

  • Propriedade devidamente titulada

  • Ausência de processos de contraordenação pendentes

  • Conformidade com instrumentos de gestão territorial

  • Verificação de servidões ou restrições aplicáveis

Licenciamento:

  • Identificação do tipo de procedimento aplicável

  • Avaliação da necessidade de licença ou comunicação prévia

  • Verificação de isenções de controlo prévio



Procedimentos e tolerâncias específicas


Condições mínimas de habitabilidade

O novo enquadramento reconhece que as construções existentes podem não cumprir integralmente as normas atuais, estabelecendo condições específicas:


Dimensões toleradas:

  • Compartimentos principais: mínimo 8 m²

  • Pelo menos um compartimento com 10,5 m²

  • Cozinha: mínimo 4-5 m² conforme a tipologia

  • Instalações sanitárias: dimensões reduzidas mas funcionais


Características construtivas:

  • Aproveitamento de elementos estruturais existentes

  • Adaptação de vãos e aberturas originais

  • Preservação de características arquitetónicas relevantes



Processo de avaliação técnica


A avaliação deve incluir:

  1. Vistoria técnica para análise das condições de segurança

  2. Verificação da habitabilidade segundo critérios específicos

  3. Identificação de trabalhos necessários para conformidade

  4. Avaliação económica da viabilidade da intervenção


Interior de um dos apartamentos reabilitados e remodelados, em Almada
Interior de um dos apartamentos reabilitados e remodelados, em Almada

Vantagens da Reabilitação


Económicas

  • Aproveitamento de estruturas existentes

  • Redução de custos comparativamente à construção nova

  • Valorização do património

  • Potencial para benefícios fiscais


Patrimoniais

  • Preservação de características arquitetónicas

  • Manutenção da identidade urbana

  • Contribuição para a sustentabilidade urbana

  • Revitalização de áreas consolidadas


Sociais

  • Melhoria das condições de habitabilidade

  • Fixação de população nos centros urbanos

  • Dinamização económica das áreas reabilitadas

  • Promoção da coesão social



Próximos passos


Após a verificação inicial, recomenda-se:

  1. Consulta técnica especializada para avaliação detalhada

  2. Levantamento arquitetónico do estado atual

  3. Estudo de viabilidade técnica e económica

  4. Definição de estratégia de intervenção

  5. Preparação da documentação necessária



Documentação essencial


  • Certidão de registo predial atualizada

  • Plantas e levantamentos do existente

  • Relatório de vistoria técnica

  • Projetos de especialidades necessários

  • Termos de responsabilidade dos técnicos



Para considerar


A reabilitação urbana representa uma oportunidade única para valorizar o património edificado, contribuindo simultaneamente para a sustentabilidade urbana e para a preservação da identidade arquitetónica das nossas cidades. O novo enquadramento legal reconhece as especificidades das construções existentes e oferece ferramentas práticas para a sua recuperação.

A complexidade dos procedimentos e a necessidade de articular diferentes normas técnicas tornam essencial o acompanhamento por equipas especializadas. A avaliação prévia cuidadosa permite identificar as melhores estratégias de intervenção e otimizar os investimentos necessários.

O sucesso de um projeto de reabilitação depende de uma abordagem integrada que considere não apenas os aspetos técnicos e legais, mas também as características específicas de cada edifício e as necessidades dos seus utilizadores.


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A AC-Arquitetos possui experiência em projetos de reabilitação urbana e conhecimento da legislação aplicável. A nossa equipa pode apoiá-lo desde a avaliação inicial até à conclusão do projeto, assegurando o cumprimento das normas técnicas e administrativas. Entre em contacto connosco para uma consulta personalizada e descubra como podemos ajudá-lo a valorizar o seu património através de uma reabilitação eficiente e sustentável.

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