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Ordenamento do Território em Portugal: Estrutura, Princípios e Condicionantes

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 15 de abr.
  • 3 min de leitura

O ordenamento do território é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável das cidades e regiões em Portugal. A sua correta aplicação garante a valorização do património, a proteção dos recursos naturais e a qualidade de vida das populações. Este post sintetiza os conceitos essenciais, os instrumentos de planeamento e as principais condicionantes legais que moldam o território nacional.



Princípios e objetivos do Ordenamento do Território


O ordenamento do território (OT) visa:

  • Racionalizar, reabilitar e modernizar centros urbanos e aglomerados rurais.

  • Promover a defesa, fruição e valorização do património natural, cultural e paisagístico.

  • Assegurar o aproveitamento racional e eficiente do solo, valorizando a biodiversidade.

  • Coordenar sistemas humanos e naturais, equilibrando o uso e preservação dos recursos.

  • Distribuir usos, atividades e população, regulando conflitos e estabelecendo limites para o uso dos recursos.


Vista aérea de uma aldeia em Trás-os-Montes
Vista aérea de uma aldeia em Trás-os-Montes

O solo é um recurso natural escasso e essencial, cuja gestão adequada é determinante para o futuro das comunidades.


Instrumentos de Gestão Territorial


O sistema de ordenamento do território em Portugal assenta em diferentes escalas e instrumentos, definidos na Lei de Bases da Política Pública de Solos, Ordenamento do Território e Urbanismo (Lei n.º 31/2014, de 30 de maio).



Principais instrumentos


  • Plano Diretor Municipal (PDM):

    • Define a estratégia de desenvolvimento territorial municipal.

    • Estabelece o modelo territorial, a política de solos e as opções de localização de equipamentos coletivos.

    • Articula-se com programas nacionais, regionais e intermunicipais.

  • Plano de Urbanização:

    • Desenvolve e concretiza o PDM.

    • Estrutura a ocupação do solo e a localização das principais infraestruturas e equipamentos.

  • Plano de Pormenor:

    • Detalha a ocupação de áreas específicas.

    • Define regras para implantação de infraestruturas, volumetria, integração paisagística e organização espacial de atividades de interesse geral.



Âmbito da intervenção do OT


O Ordenamento do Território atua em várias frentes:

  • Gestão dos recursos naturais, considerando a aptidão dos solos.

  • Identificação de áreas perigosas e de risco.

  • Proteção dos valores naturais e culturais.

  • Classificação dos usos do solo.

  • Definição de normas de utilização e edificabilidade.

  • Promoção da participação pública, permitindo sugestões, esclarecimentos e reclamações.


Vista aérea de um território no Alentejo
Vista aérea de um território no Alentejo

Condicionantes Legais: Servidões e Restrições de utilidade pública


O uso do solo está sujeito a condicionantes legais que visam proteger interesses públicos e garantir a sustentabilidade do território. Estas condicionantes dividem-se em:



Servidões Administrativas

  • Encargos impostos por lei ou ato administrativo, em benefício da utilidade pública.

  • Podem ser positivas (obrigam a ações) ou negativas (limitam ações).

  • São inalienáveis e imprescritíveis.

  • Cessam quando desaparece a função de utilidade pública.



Restrições de Utilidade Pública

  • Limitações ao direito de propriedade para salvaguarda de interesses públicos abstratos.

  • Podem afetar o uso, ocupação e transformação do solo, restringindo o pleno exercício do direito de propriedade.



Consequências urbanísticas

  • Áreas non aedificandi (proibição de edificar).

  • Áreas de edificação condicionada.

  • Compatibilidade entre usos vizinhos.

  • Tutelas específicas a respeitar.



Exemplos de Condicionantes Legais

  • Reserva Ecológica Nacional (REN)

  • Reserva Agrícola Nacional (RAN)

  • Domínio Hídrico

  • Estradas Nacionais



Participação pública e transparência

A legislação portuguesa valoriza a participação dos cidadãos no processo de ordenamento do território, promovendo:

  • Direito à informação e à participação.

  • Formulação de sugestões e reclamações.

  • Transparência nas decisões e procedimentos.



Para refletir


O Ordenamento do Território é um processo dinâmico e multidisciplinar, essencial para garantir o equilíbrio entre desenvolvimento, proteção ambiental e qualidade de vida. A compreensão dos instrumentos de planeamento e das condicionantes legais é fundamental para qualquer intervenção no território, seja para construir, reabilitar ou valorizar património.



Planeamento responsável e respeito pelas normas são a base de um território sustentável e valorizado.


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