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Dimensões adequadas e materiais ideais para paredes

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 25 de jun.
  • 3 min de leitura

As paredes constituem a estrutura fundamental de qualquer edificação, sendo responsáveis não apenas pela sustentação do edifício, mas também pela garantia de condições adequadas de habitabilidade, segurança e conforto. O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) estabelece critérios rigorosos para a construção de paredes, definindo espessuras mínimas e materiais apropriados que asseguram a durabilidade e qualidade das construções em Portugal.


Parede de alvenaria de tijolo de uma obra em construção
Parede de alvenaria de tijolo de uma obra em construção

Princípios fundamentais na Construção de Paredes


Exigências essenciais

As paredes devem satisfazer simultaneamente várias exigências fundamentais:

  • Segurança estrutural - capacidade de suportar cargas verticais e horizontais

  • Salubridade - proteção contra humidade e variações térmicas

  • Conforto acústico - redução da propagação de ruídos e vibrações

  • Durabilidade - resistência ao desgaste e aos agentes atmosféricos


Critérios de seleção de materiais

Para edificações de carácter permanente, a escolha dos materiais deve considerar:

  • Natureza e importância da construção

  • Destino e localização do edifício

  • Condições climáticas locais

  • Requisitos de segurança e durabilidade



"A qualidade das paredes determina não só a segurança estrutural, mas também o conforto e a eficiência energética de toda a habitação."


Espessuras mínimas regulamentares


Paredes de Alvenaria Tradicional

O RGEU define espessuras mínimas específicas para paredes construídas com alvenaria de pedra ou tijolo cerâmico maciço (dimensões padrão: 23 cm x 11 cm x 7 cm). Estas espessuras variam conforme:

  • Altura da edificação - edifícios mais altos requerem paredes mais espessas

  • Função estrutural - paredes resistentes versus paredes de vedação

  • Posição na construção - andares inferiores necessitam maior robustez


Classificação por Grupos

As edificações são organizadas em grupos (A, B, C, D, E) que determinam as espessuras mínimas necessárias. Esta classificação considera:

  • Número de pisos da edificação

  • Cargas a que as paredes estão sujeitas

  • Condições de exposição aos elementos



Materiais recomendados e Aplicações


Pedra Natural

Pedra Irregular

  • Adequada para construções tradicionais

  • Requer argamassas de qualidade superior

  • Espessuras superiores devido à irregularidade

Pedra Talhada (Perpianho)

  • Constituída por paralelepípedos que atravessam toda a espessura da parede

  • Maior regularidade e resistência

  • Aplicação em construções de maior qualidade


Tijolo Cerâmico

Tijolo Maciço

  • Material de referência para cálculo de espessuras

  • Elevada resistência e durabilidade

  • Obrigatório nos andares inferiores de edifícios altos

Tijolo Furado

  • Permitido apenas nos andares superiores

  • Redução de peso próprio da estrutura

  • Limitações de aplicação conforme altura do edifício

Alvenaria Mista

  • Combinação de tijolo maciço e furado

  • Otimização de recursos e desempenho

  • Restrições específicas de aplicação



Situações Especiais e Exceções


Reduções de Espessura

É possível autorizar espessuras inferiores aos mínimos regulamentares desde que:

  • Sejam mantidas as condições de salubridade

  • Exista justificação técnica rigorosa através de:

    • Ensaios laboratoriais oficiais

    • Cálculos estruturais detalhados

    • Análise das forças atuantes (cargas, vento, sismos)


Estruturas Independentes

Em edifícios com estrutura de betão armado ou metálica, as paredes de preenchimento podem ter espessuras reduzidas, desde que o vão livre não exceda 3,50 metros.


Parede de pedra natural de uma obra em reabilitação
Parede de pedra natural de uma obra em reabilitação

Proteções e Revestimentos obrigatórios


Caves e Fundações

Para paredes em contacto com o terreno:

  • Espessura mínima: 60 centímetros em caves habitáveis

  • Revestimento impermeável: até 20 cm acima do nível do terreno

  • Materiais: alvenaria hidráulica resistente e impermeável


Zonas Húmidas

Em casas de banho, cozinhas e copas:

  • Revestimento impermeável: até 1,50 metros de altura mínima

  • Materiais: de fácil limpeza e resistentes à humidade

  • Função: proteção contra infiltrações e facilidade de manutenção


Fachadas Principais

Para edifícios em vias públicas importantes:

  • Rodapé resistente: pedra aparelhada ou material equivalente

  • Função: proteção contra desgaste e facilidade de conservação

  • Estética: contribuição para a dignificação urbana



Considerações Técnicas avançadas


Isolamento e Conforto

As paredes modernas devem integrar:

  • Isolamento térmico adequado ao clima local

  • Barreiras de vapor quando necessário

  • Soluções para pontes térmicas

  • Sistemas de ventilação das caixas-de-ar


Compatibilidade Estrutural

A escolha de materiais e espessuras deve considerar:

  • Compatibilidade com a estrutura resistente

  • Movimentos diferenciais entre materiais

  • Juntas de dilatação quando necessárias

  • Ligações adequadas entre elementos


Sustentabilidade e Eficiência

Critérios contemporâneos incluem:

  • Origem e pegada de carbono dos materiais

  • Capacidade de reciclagem

  • Durabilidade e manutenção

  • Eficiência energética global



Para Considerar


A construção de paredes adequadas vai muito além do simples cumprimento de espessuras mínimas. Trata-se de um equilíbrio cuidadoso entre segurança estrutural, conforto habitacional, durabilidade e eficiência económica. O RGEU fornece as bases regulamentares essenciais, mas cada projeto requer uma análise específica que considere as condições locais, o uso previsto e as expectativas de desempenho.

A evolução das técnicas construtivas e dos materiais disponíveis permite hoje soluções mais eficientes e sustentáveis, sempre respeitando os princípios fundamentais de segurança e salubridade estabelecidos na regulamentação. O investimento numa construção adequada das paredes reflete-se diretamente na qualidade de vida dos ocupantes e na valorização do património construído.


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