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Pisos, Revestimentos e Ressaltos: Detalhes que fazem a diferença

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 16 de set.
  • 2 min de leitura

Quando falamos de arquitetura inclusiva, cada milímetro conta. No universo das normas técnicas portuguesas, os pisos, revestimentos e ressaltos são elementos que, embora possam parecer pormenores menores, revelam-se decisivos para a segurança e acessibilidade dos nossos espaços.


Logradouro de uma moradia com piso acessível
Logradouro de uma moradia com piso acessível

O que define um Piso Acessível


As normas técnicas estabelecem critérios rigorosos para garantir que qualquer pessoa possa circular com segurança e conforto. Os revestimentos devem ser estáveis, regulares e antiderrapantes, cumprindo especificações técnicas que vão muito além da estética.

Segundo o Decreto-Lei nº 163/2006, que estabelece as condições de acessibilidade, os pisos devem:

  • Apresentar superfície estável e firme

  • Garantir aderência adequada, mesmo em presença de humidade

  • Ter juntas ou aberturas não superiores a 2 cm para evitar o encravamento de auxiliares de marcha



Ressaltos: Quando cada milímetro importa


"As mudanças de nível abruptas devem ser evitadas a todo o custo – quando inevitáveis, seguem regras específicas que podem determinar o sucesso ou insucesso de um projeto."

As normas são muito claras relativamente aos ressaltos no piso:

  • Até 5 mm: podem ser verticais sem tratamento

  • Entre 5 mm e 20 mm: exigem chanfro ou arredondamento

  • Superiores a 20 mm: devem ser vencidos por rampa ou dispositivo mecânico



Revestimentos especiais: Onde aplicar


Certos espaços exigem tratamentos diferenciados:

  • Instalações sanitárias e cozinhas: revestimentos impermeáveis e de fácil limpeza

  • Espaços exteriores: materiais com boa drenagem e propriedades antiderrapantes

  • Percursos pedonais: inclinação máxima de 5% na direção do percurso



Sinalização Táctil: Um elemento fundamental


As normas preveem ainda a utilização de materiais de textura diferente e cor contrastante para sinalizar:

  • Início e fim de passagens de peões

  • Mudanças de nível

  • Zonas de aproximação a escadas



Implicações práticas para projetos


Para arquitetos e projetistas, estas normas traduzem-se em:

  • Seleção cuidadosa de materiais desde a fase inicial do projeto

  • Coordenação entre especialidades para evitar conflitos entre instalações

  • Atenção especial às transições entre diferentes materiais

  • Consideração das condições climáticas locais na escolha de revestimentos exteriores


Interior de uma moradia adaptada a pessoas de mobilidade reduzida
Interior de uma moradia adaptada a pessoas de mobilidade reduzida

Fiscalização e Responsabilidade


A aplicação destas normas não é opcional. As Câmaras Municipais têm competência para fiscalizar o cumprimento destes requisitos, podendo recusar licenças quando os projetos não cumpram as especificações técnicas de acessibilidade.



Dicas práticas para Profissionais


  • Consulte sempre as normas atualizadas antes de definir os revestimentos

  • Considere o ciclo de vida dos materiais e a sua manutenção

  • Teste os materiais em condições similares às do local de aplicação

  • Documente todas as opções com fichas técnicas completas



Em poucas palavras


Os detalhes nos pisos e revestimentos não são meros caprichos normativos – são a base de uma arquitetura verdadeiramente inclusiva. Cada ressalto bem resolvido, cada material adequadamente selecionado, cada transição corretamente executada contribui para espaços onde todos podem circular com dignidade e segurança.


A excelência arquitectónica revela-se também nestes pormenores aparentemente invisíveis, mas fundamentais para a qualidade de vida de todos os utilizadores.


Este artigo baseia-se nas normas técnicas portuguesas em vigor, nomeadamente o Decreto-Lei nº 163/2006. Para projetos específicos, recomenda-se sempre a consulta direta da legislação aplicável e o acompanhamento por profissionais qualificados.

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