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Por que a Viabilidade Construtiva é fundamental para o sucesso dos Investimentos

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 25 de set.
  • 4 min de leitura

A viabilidade construtiva representa o fator mais crítico na avaliação de qualquer projeto imobiliário em Portugal. Com base na análise da legislação vigente - RJUE, RGEU, Decreto-Lei 163/2006 e Portaria 243/84 - compreende-se que investir sem uma análise técnica prévia adequada pode resultar em perdas significativas ou até mesmo na inviabilização total do projeto.


Edifício após obras de reabilitação, remodelação e conversão para habitação na Baixa Chiado
Edifício após obras de reabilitação, remodelação e conversão para habitação na Baixa Chiado

O que define a Viabilidade Construtiva


Enquadramento legal fundamental

A viabilidade construtiva assenta na conformidade com múltiplos diplomas legais que regulam o território português. O RJUE (Regime Jurídico da Urbanização e Edificação) estabelece as regras base para qualquer operação urbanística, enquanto o RGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas) define padrões técnicos específicos.


Condicionantes Técnicas essenciais

Para um investidor, a viabilidade construtiva envolve:

  • Capacidade edificatória do terreno: Índices urbanísticos aplicáveis

  • Infraestruturas disponíveis: Acessos, redes de água, esgotos e energia

  • Condicionantes geotécnicas: Características do solo e estabilidade

  • Enquadramento regulamentar: Compatibilidade com instrumentos de gestão territorial



Impacto Financeiro das Condicionantes Regulamentares


Custos de Conformidade Legal

A legislação portuguesa exige investimentos significativos para garantir conformidade. O Decreto-Lei 163/2006 sobre acessibilidade, por exemplo, pode implicar custos adicionais substanciais em projetos de reabilitação:

  • Instalação de elevadores ou rampas de acesso

  • Adaptação de instalações sanitárias

  • Alargamento de vãos e corredores

  • Sistemas de sinalização tátil e visual


Flexibilizações e Oportunidades

A Portaria 243/84 oferece alternativas viáveis para projetos de legalização, permitindo tolerâncias em áreas mínimas e pé-direito. Esta flexibilização pode representar:

  • Redução de custos de demolição

  • Aproveitamento de construções existentes

  • Minimização de investimentos em adaptações estruturais



"A viabilidade construtiva determina não apenas se um projeto é possível, mas se será economicamente sustentável e gerador de valor a longo prazo."


Análise de Risco para Investidores


Identificação precoce de limitações

Uma avaliação técnica adequada permite antecipar obstáculos que podem comprometer a rentabilidade:

Condicionantes Urbanísticas:

  • Planos de ordenamento restritivos

  • Limitações de altura ou volumetria

  • Obrigatoriedade de cedências para espaços públicos

Condicionantes Técnicas:

  • Necessidade de reforços estruturais

  • Exigências de isolamento térmico e acústico

  • Cumprimento de normas de segurança contra incêndios


Otimização do Potencial Construtivo

O conhecimento detalhado da legislação permite maximizar o aproveitamento dentro dos parâmetros legais:

  • Exploração de índices de construção disponíveis

  • Aproveitamento de alturas máximas permitidas

  • Otimização de tipologias face às áreas mínimas exigidas



Procedimentos de Licenciamento e Prazos


Complexidade Processual

O RJUE estabelece procedimentos diferenciados conforme o tipo de operação urbanística:

Licenciamento:

  • Operações sujeitas a controlo prévio obrigatório

  • Prazos de análise municipal (90 a 120 dias)

  • Possibilidade de pedidos de esclarecimentos adicionais

Comunicação Prévia:

  • Procedimento simplificado para determinadas operações

  • Prazo de resposta municipal mais reduzido (20 dias)

  • Responsabilidade acrescida do técnico subscritor


Custos Processuais e Taxas

Os processos de licenciamento implicam custos significativos que devem ser considerados na análise de viabilidade:

  • Taxas municipais de licenciamento

  • Honorários de técnicos especializados

  • Custos de estudos e pareceres complementares

  • Seguros de responsabilidade civil profissional



Condicionantes específicas por Tipologia


Habitação

O RGEU estabelece requisitos rigorosos para habitação:

  • Área mínima de compartimentos (9m² para quartos)

  • Pé-direito mínimo (2,40m)

  • Ventilação e iluminação natural obrigatórias

  • Isolamento térmico e acústico conforme regulamentação


Edifícios Comerciais e de Serviços

Exigências acrescidas aplicam-se a usos não habitacionais:

  • Pé-direito mínimo de 3m para estabelecimentos comerciais

  • Acessibilidade universal obrigatória

  • Sistemas de segurança e deteção de incêndios

  • Estacionamento proporcional à área útil


Reabilitação e Reconversão

A recuperação de edifícios existentes apresenta desafios específicos:

  • Adequação a normas atuais sem comprometer características arquitetónicas

  • Aproveitamento de tolerâncias da Portaria 243/84

  • Integração de sistemas técnicos em estruturas antigas

  • Compatibilização com requisitos de acessibilidade



Ferramentas de Avaliação Técnica


Estudos Prévios essenciais

Uma análise de viabilidade completa deve incluir:

Levantamento Topográfico:

  • Definição rigorosa de limites e cotas

  • Identificação de condicionantes físicas

  • Quantificação de áreas disponíveis

Estudo Geotécnico:

  • Caracterização do solo

  • Capacidade de carga

  • Necessidade de contenções ou fundações especiais

Análise Urbanística:

  • Enquadramento em instrumentos de gestão territorial

  • Verificação de índices e parâmetros urbanísticos

  • Identificação de servidões e restrições


Simulação de cenários

A modelação de diferentes soluções permite otimizar o investimento:

  • Análise de várias tipologias edificatórias

  • Comparação de custos entre diferentes soluções técnicas

  • Avaliação de impactos em prazos de licenciamento



Exemplos práticos de aplicação


Caso 1: Lote urbano para Habitação

Situação: Lote de 500m² em zona habitacional

Desafios: Declive acentuado e proximidade de linha de água

Solução: Escalonamento da construção e sistemas de drenagem adequados

Resultado: Viabilização de moradia unifamiliar com aproveitamento integral do índice construtivo


Caso 2: Reabilitação de Edifício Antigo

Situação: Prédio do séc. XIX para reconversão habitacional

Desafios: Pé-direito reduzido e ausência de elevador

Solução: Aplicação de tolerâncias da Portaria 243/84 e instalação de elevador exterior

Resultado: Regularização com minimização de custos estruturais


Caso 3: Empreendimento Comercial

Situação: Terreno de 2000m² para centro comercial

Desafios: Exigências de acessibilidade e estacionamento

Solução: Projeto integrado com acessos universais e parqueamento subterrâneo

Resultado: Maximização da área comercial útil dentro dos parâmetros legais


Projeto de Arquitetura de um Empreendimento Comercial no Cadaval
Projeto de Arquitetura de um Empreendimento Comercial no Cadaval

Conselhos para Investidores


Análise Técnica devida

Nunca invista sem análise prévia das seguintes componentes:

  • Verificação da situação legal do imóvel

  • Confirmação da capacidade edificatória

  • Análise de custos de conformidade regulamentar

  • Avaliação de prazos de licenciamento


Equipas Multidisciplinares

A viabilidade construtiva exige conhecimento especializado em:

  • Arquitetura e urbanismo

  • Engenharia civil e de especialidades

  • Direito do urbanismo

  • Avaliação imobiliária


Timing de Investimento

Considere sempre os prazos processuais na análise financeira:

  • Período de licenciamento (3 a 12 meses)

  • Prazo de execução da obra

  • Tempo de comercialização

  • Custos financeiros durante o processo



Para considerar


A viabilidade construtiva representa muito mais do que uma simples verificação de conformidade legal. Constitui a base fundamental sobre a qual assenta qualquer decisão de investimento imobiliário responsável. Os custos associados ao incumprimento de requisitos técnicos ou à inadequada análise prévia podem facilmente superar os benefícios esperados do investimento.

O mercado imobiliário português, regulado por um quadro legal complexo mas estruturado, oferece oportunidades significativas para investidores que compreendem as suas nuances técnicas. A diferença entre um investimento bem-sucedido e um projeto problemático reside frequentemente na qualidade da análise de viabilidade inicial.

A colaboração com profissionais especializados não representa um custo adicional, mas sim um investimento na minimização de riscos e na otimização de resultados. A experiência técnica permite identificar soluções criativas dentro do quadro legal, maximizar o potencial construtivo e antecipar desafios que poderiam comprometer a viabilidade económica do projeto.


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