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Turismo como motor de desenvolvimento: Uma oportunidade para o seu território

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 23 de nov.
  • 5 min de leitura

Quando se fala em desenvolvimento local e crescimento económico, muitas pessoas pensam em grandes infraestruturas industriais ou projetos complexos. Porém, a realidade é bem mais simples: o turismo é hoje um dos principais motores de transformação em muitos territórios, trazendo emprego, qualidade de vida e oportunidades de negócio.

Mas como é que isto realmente funciona? E o que significa, na prática, ter um município que aposta em turismo?


Agroturismo num casarão antigo próximo de uma vinha no Douro
Agroturismo num casarão antigo próximo de uma vinha no Douro

O Turismo não é apenas praia e hotéis


Quando pensamos em turismo, a imagem que surge é frequentemente a de praias, palmeiras e hotéis de luxo. A verdade é muito mais diversa e, para muitos municípios em Portugal, muito mais próxima. O turismo de hoje abrange desde passeios rurais e experiências de contacto com a natureza, até visitas a aldeias históricas, descoberta de gastronomia regional, participação em atividades culturais e até turismo ligado ao vinho, ao desporto e ao bem-estar. Cada um destes segmentos traz valor, emprego e visitantes com capacidade de gastar na região.

Em poucas palavras: o turismo é qualquer coisa que as pessoas viajam para ver, fazer ou experimentar – e isso pode estar muito perto de si.



Os benefícios que vão muito além dos hotéis


Quando um município investe em turismo de forma estratégica, os efeitos multiplicam-se:

  • Criação de emprego – hotéis, restaurantes, guias turísticos, limpeza, manutenção, transporte. Toda uma cadeia de profissões emerge ao redor.

  • Revitalização de áreas rurais – aldeias que estavam em declínio ganham vida com a recuperação de casarões antigos, abertura de pequenos negócios e regresso de população.

  • Reabilitação do património – igrejas, casarões, paisagens históricas ganham novo valor e são preservados porque representam receita.

  • Qualificação e profissionalização – surgem oportunidades de formação e melhoria de competências.

  • Diversificação económica – deixa de depender apenas de uma ou duas indústrias; o risco económico diminui.

  • Melhor qualidade urbana – ruas mais limpas, espaços públicos melhor mantidos, infraestruturas melhoradas.

Estes efeitos não são automáticos, mas resultam de uma estratégia bem pensada e executada a nível municipal.



Como é que um Município planeia isto?


Cada município português deve ter um documento chamado Plano Diretor Municipal (PDM), que define, entre outras coisas, como e onde é que o turismo pode desenvolver-se.

Este plano deve responder a perguntas práticas:

  • Onde é que faz sentido colocar hotéis e alojamento turístico?

  • Que tipo de turismo queremos – luxo, rural, aventura, cultural?

  • Como protegemos o ambiente e a autenticidade da região?

  • Como garantimos que os residentes se beneficiam e não são prejudicados?

  • Como aproveitamos os nossos recursos únicos – natureza, história, tradições?

A resposta a estas perguntas não é técnica nem aborrecida. É, na verdade, sobre definir qual é a "marca" ou "identidade" que o município quer ter como destino turístico.



O exemplo prático: Diferença entre estratégia bem e mal feita


Imaginem dois cenários:

Cenário 1 – Sem estratégia clara: Um município permite a construção de hotéis em qualquer sítio. Aparecem construções desorganizadas, desinteressante integração paisagística, conflitos com residentes, pressão sobre recursos (água, energia), destruição de áreas naturais sensíveis. Resultado: turismo desordenado que não traz o benefício potencial.

Cenário 2 – Com estratégia: O município identifica que tem um rio bonito e paisagem rural autêntica. Define áreas específicas para alojamento de qualidade (turismo rural renovado), protege a margem do rio para caminhadas e recreio, promove a gastronomia local e artesanato. Resultado: visitantes procuram exactamente isto, gastam mais, a população local sente-se orgulhosa e o ambiente é preservado.


A diferença está na intenção e no planeamento prévio.


Sustentabilidade: Não é uma palavra vazia


Um conceito que surge muito nos documentos sobre turismo é a sustentabilidade. O que significa?

Significa garantir que o turismo de hoje não prejudica o turismo (e a qualidade de vida) de amanhã.

  • Ambiente – usar água com cuidado, tratar resíduos bem, não destruir habitats naturais

  • Comunidade – os residentes locais devem beneficiar e não ser "invadidos" pelo turismo

  • Economia – o negócio turístico deve ser viável e justo para as empresas e trabalhadores

  • Cultura – a autenticidade local deve ser valorizada, não descaracterizada por modismos turísticos

Quando isto não acontece, o turismo torna-se um problema: esgota recursos, causa conflitos, e eventualmente morre porque deixa de ter aquilo que o tornava atrativo.



Os atores que fazem isto acontecer


Para que um turismo estratégico e bem planejado funcione, precisa-se de:

  • Municípios – definindo as regras e protegendo o interesse público

  • Empresários e empreendedores – criando empreendimentos de qualidade

  • Profissionais qualificados – arquitetos, urbanistas, ambientalistas que desenham as soluções

  • População local – sendo anfitriã genuína e beneficiando do fluxo de visitantes

  • Organismos nacionais – como o Turismo de Portugal, que coordena estratégias

Quando todos estes elementos trabalham em conjunto e com objectivos claros, o resultado é um destino que funciona bem, que as pessoas querem visitar e onde os residentes se sentem bem a viver.


Turismo de Natureza nas Serras de Aire
Turismo de Natureza nas Serras de Aire

Alguns segmentos práticos: O que há para explorar


Dependendo das características de cada região, há vários "tipos" de turismo que podem funcionar:

  • Turismo de Natureza – em áreas com riqueza natural, parques ou ecossistemas especiais. Inclui caminhadas, birdwatching, desportos ao ar livre

  • Turismo Rural ou Agroturismo – em casarões antigos no campo, com experiências de vida rural, produtos locais, contacto com agricultura

  • Turismo Cultural – em centros históricos, museus, locais de património, roteiros temáticos

  • Turismo de Bem-Estar – em contextos de natureza ou spa, focado em relaxamento e saúde

  • Turismo Gastronómico – experimentação de culinária regional, vinhos, produtos artesanais

  • Turismo de Eventos – acolhimento de conferências, festivais, competições desportivas

Raramente um município apostará em tudo. O segredo é escolher aquilo em que realmente pode ser excelente e diferente.



Conselhos importantes


"Porque é que isto interessa para mim como residente?"

Porque um turismo bem-pensado torna o seu bairro, aldeia ou cidade mais atrativo para viver. Melhor infraestrutura, mais emprego para a família, preservação do património, espaços públicos melhorados.


"E se eu tenho propriedade ou terra? Pode isto afetar-me?"

Sim. Se o seu terreno fica numa área designada para desenvolvimento turístico, podem surgir oportunidades de negócio. Se não, mas está próximo, pode beneficiar da valorização. É por isso que compreender o Plano Diretor Municipal é importante.


"O turismo pode estragar a minha região?"

Sim, se for desordenado e sem visão. Por isso é que o planeamento prévio é crucial. Municípios bem-geridos conseguem atrair turismo de qualidade mantendo identidade e qualidade ambiental.


"Qual é o papel da legislação nisto tudo?"

A legislação garante que empresas respeitem normas ambientais, que construções tenham qualidade arquitetónica, que recursos naturais sejam protegidos, que segurança seja mantida. Sem regras claras, tudo fica ao sabor do lucro imediato.



Para refletir


O turismo não é um luxo ou um extra. Para muitos territórios portugueses, é uma oportunidade concreta de desenvolvimento sustentável, emprego e melhoria de qualidade de vida. Mas como tudo o que importa, requer pensamento estratégico, regras claras e envolvimento de todos. Se o seu município está a rever ou atualizar o seu Plano Diretor, ou se tem interesse em compreender como o turismo pode transformar a sua região, vale a pena estar atento. Estas decisões tomadas hoje definem o futuro do seu território.

O turismo bem-feito não é sobre apagar a identidade de um lugar. É exactamente o oposto: é sobre celebrar aquilo que o torna único, protegê-lo e criar oportunidades para que as pessoas que lá vivem prosperem.


Quer saber mais?

Se tem dúvidas sobre como o turismo pode impactar a sua propriedade, região ou negócio, ou quer compreender como o planeamento territorial funciona na prática, fale connosco. Na AC-Arquitetos, ajudamos a orientar processos, transformando conceitos técnicos em soluções práticas e oportunidades reais. Contacte-nos. Podemos esclarecer dúvidas sobre desenvolvimento territorial, oportunidades turísticas e como o planeamento estratégico pode funcionar para o seu projeto ou região.


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