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Evacuação de fumos e gases em habitação: requisitos essenciais

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura

Os fumos e gases libertados por lareiras, salamandras, aparelhos de aquecimento ou pela própria confecção de alimentos são um dos principais factores de risco para a qualidade do ar interior. O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) consagra um conjunto de regras obrigatórias – concentradas sobretudo nos artigos 108.º a 114.º – que definem como deve ser projectada e construída a infra-estrutura de evacuação de fumos e gases nas habitações portuguesas. Este post sistematiza esses requisitos em linguagem clara, para proprietários, investidores, promotores e autoconstructores que pretendam evitar problemas de segurança, humidade, infiltrações, maus odores ou não-conformidades camarárias.


Remodelação de cozinha, área de jantar e área de estar em open-space com ventilação e exaustão de fumos adequada para apartamento em Lisboa
Remodelação de cozinha, área de jantar e área de estar em open-space com ventilação e exaustão de fumos adequada para apartamento em Lisboa

Porque é que a evacuação de fumos interessa?


  • Melhor saúde interior

  • Redução do risco de incêndio

  • Protecção contra bolores e condensações

  • Conformidade legal (obrigatória para obter licenciamento e utilizar a casa)

  • Valorização do imóvel em futuras transacções



Condutas de fumo: peça central do sistema


  • Cada chaminé, fogão, salamandra ou calorífero deve ligar-se a uma conduta independente (art.º 110.º/1).

  • Admite-se solução colectiva vertical desde que:

    • as ligações individuais estejam desfasadas piso a piso;

    • a conduta colectiva seja servida por exaustor estático no topo (art.º 110.º/2-3).

  • Materiais: incombustíveis, de superfície interna lisa e estável ao calor (art.º 111.º).

  • Inclinação máxima de 30° relativamente à vertical (art.º 112.º).

  • Secção mínima de 4 dm² e proporção máx. 3:1 entre lados (art.º 112.º).

  • Elevação da boca: pelo menos 0,50 m acima da cumeeira ou 1,50 m acima de vãos próximos (art.º 113.º).

  • Limpeza: embocaduras acessíveis, condução sem saliências, registos que não fechem completamente a secção (art.º 111.º).



Cozinhas e espaços de cocção


  • Obrigatória a existência de sistema eficaz de extracção de fumos e odores (art.º 109.º).

  • Se existir lareira, a profundidade da boca deve ter pelo menos 0,50 m e conduta privativa (art.º 109.º, § único).

  • Proibida a instalação de aparelhos de combustão (ex.: esquentadores a gás) em casas de banho ou locais sem ventilação natural (art.º 87.º/3).



Ventilação dos compartimentos com fonte de combustão


  • Qualquer divisão onde funcione um aparelho de combustão (quartinho de salamandra, sala c/ lareira, etc.) tem de ter ventilação directa para o exterior (art.º 108.º).

  • A ventilação garante fornecimento permanente de ar e evita retorno de CO/CO₂.



Distâncias, afastamentos e localização das chaminés


Elemento

Distância/Afastamento mínimo

Altura da boca acima da cobertura

0,50 m (geral)

Distância horizontal a vãos

1,50 m se a boca ficar < 1 m acima do vão

Raio de 10 m a outras edificações

Boca deve exceder cumeeiras num raio de 10 m


Materiais e pormenores construtivos


  1. Parede dupla ou isolamento: evita que o calor afecte elementos combustíveis vizinhos (> 0,20 m de afastamento) (art.º 111.º).

  2. Superfície interior: obrigatoriamente lisa para reduzir depósitos de fuligem.

  3. Registos: podem existir mas nunca bloqueiam completamente a secção de evacuação.

  4. Selagem de juntas: argamassas refractárias ou juntas metálicas específicas.



Conselhos práticos para quem projeta ou reabilita


  • Envolva um técnico habilitado logo na fase de ante-projecto – correcções em obra custam mais.

  • Verifique se há compatibilidade entre o sistema de extração escolhido e a tipologia de combustão (lenha, pellets, gás).

  • Em reabilitação, limpe e inspecione condutas antigas antes de decidir reutilizá-las.

  • Não subestime a necessidade de altura livre: chaminé baixa é sinónimo de retorno de fumo.

  • Use sempre tubo em aço inox AISI 316L em fogões a pellets ou gás de condensação: dura mais, resiste a condensados ácidos.

  • Instale grelhas de admissão de ar em compartimentos com lareiras fechadas ou salamandras – evita quedas de pressão e assegura combustão limpa.

  • Recorde-se de que exaustores de cozinha não se ligam à chaminé de lareiras ou caldeiras: precisam de conduta própria.

  • Agende manutenção anual: limpeza de creosoto e verificação de juntas.


Remodelação de cozinha, área de jantar e área de estar em open-space com a ventilação e exaustão de fumos adequada para uma moradia em Loures
Remodelação de cozinha, área de jantar e área de estar em open-space com a ventilação e exaustão de fumos adequada para uma moradia em Loures

Para considerar


A evacuação de fumos e gases é muito mais do que um detalhe técnico: salvaguarda a qualidade do ar, a segurança estrutural e o conforto de quem usa a habitação. Projectar (ou reabilitar) com estas regras em mente é investir em durabilidade, eficiência e, sobretudo, em saúde.


Precisa de apoio especializado para assegurar que o seu projecto cumpre todas as exigências e acrescenta valor ao imóvel? Contacte a equipa da AC-Arquitetos.

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