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Proteger o Telhado: Estratégias eficazes para prevenir infiltrações e prolongar a vida útil

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 10 de jul.
  • 4 min de leitura

As infiltrações no telhado representam uma das principais preocupações dos proprietários portugueses, especialmente durante os períodos de chuva intensa. O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) estabelece que as coberturas devem ser construídas com materiais impermeáveis, resistentes ao fogo e à ação dos agentes atmosféricos, capazes de garantir o isolamento adequado. A manutenção preventiva e o cumprimento destas normas são fundamentais para evitar danos estruturais dispendiosos e preservar o conforto habitacional.


Casa térrea no Alentejo após obras de ampliação e reabilitação
Casa térrea no Alentejo após obras de ampliação e reabilitação

Compreender as principais causas de Infiltração


Degradação Natural dos Materiais

O clima português, com períodos de chuva intensa alternados com exposição solar forte, submete os telhados a tensões térmicas constantes. Esta variação causa dilatação e contração dos materiais, criando fissuras e comprometendo a estanquidade da cobertura.



Problemas Estruturais Frequentes


Telhas danificadas ou deslocadas:

  • Rachas provocadas por impactos ou envelhecimento

  • Deslocamentos causados pelo vento

  • Perda de aderência das argamassas de fixação

  • Deformação por sobrecarga (neve, granizo, detritos)


Falhas na impermeabilização:

  • Deterioração das membranas impermeabilizantes

  • Juntas deficientes entre elementos

  • Falta de manutenção dos sistemas de vedação

  • Aplicação inadequada dos materiais



Sistemas de Drenagem Comprometidos

As calhas e algerozes desempenham um papel crucial na proteção contra infiltrações. O RGEU especifica que os algerozes devem ter declive mínimo de 2 mm por metro e área útil de pelo menos 2 cm² por m² de superfície coberta. Quando entupidos ou danificados, provocam acumulação de água que pode infiltrar-se na estrutura.



"A manutenção preventiva é sempre mais económica que a reparação de danos causados pela água – um pequeno investimento em inspeção evita prejuízos significativos."


Sinais de Alerta para Identificação Precoce



Indicadores Visuais Evidentes


No interior da habitação:

  • Manchas amareladas ou castanhas no teto

  • Bolhas na pintura ou descamação

  • Aparecimento de mofo ou bolor

  • Odores persistentes de humidade

  • Deformações no forro ou gesso cartonado


No exterior da edificação:

  • Telhas partidas, deslocadas ou em falta

  • Vegetação a crescer nas juntas

  • Eflorescências (depósitos esbranquiçados)

  • Deformações na estrutura do telhado

  • Calhas entupidas ou com sinais de transbordamento



Condições Climatéricas de Risco

Portugal apresenta particularidades climáticas que exigem atenção especial durante certas épocas:

  • Outono/Inverno: Chuvas prolongadas testam a resistência da impermeabilização

  • Primavera: Alternância entre chuva e sol acelera os ciclos de dilatação

  • Verão: Temperaturas elevadas podem degradar materiais sintéticos



Estratégias de Manutenção Preventiva


Inspeções Regulares Programadas


Periodicidade recomendada:

  • Inspeção visual: duas vezes por ano (antes e após o inverno)

  • Limpeza de calhas: mínimo duas vezes anuais

  • Verificação das vedações: anualmente

  • Inspeção profissional completa: a cada 3-5 anos


Elementos a verificar sistematicamente:

  • Estado das telhas e sua fixação

  • Integridade das juntas e vedações

  • Funcionamento dos sistemas de drenagem

  • Condição das estruturas de madeira

  • Ventilação dos espaços sob cobertura



Limpeza e Desobstrução

A limpeza regular dos sistemas de drenagem é fundamental para prevenir infiltrações. As calhas devem estar sempre livres de folhas, detritos e sedimentos que possam obstruir o escoamento da água.


Procedimentos de limpeza:

  • Remoção manual de detritos acumulados

  • Lavagem com água sob pressão

  • Verificação da fixação e alinhamento

  • Inspeção das ligações e juntas

  • Teste do escoamento em toda a extensão



Manutenção das Estruturas de Madeira

Em Portugal, o clima temperado exige tratamento preventivo das madeiras contra fungos, insetos e, em algumas regiões, térmitas. O tratamento fungicida previne o aparecimento de organismos que proliferam quando a humidade da madeira ultrapassa os 20%.


Cuidados essenciais:

  • Aplicação de produtos fungicidas e inseticidas

  • Verificação da ventilação dos espaços confinados

  • Controlo dos níveis de humidade

  • Substituição de elementos deteriorados

  • Proteção contra contacto direto com água



Intervenções de Reparação e Melhoria


Correção de pequenos problemas


Substituição de telhas danificadas: A substituição imediata de telhas partidas ou deslocadas evita que pequenos problemas se transformem em infiltrações graves. É fundamental utilizar telhas compatíveis e aplicar corretamente as argamassas de fixação.


Selagem de fissuras e juntas: As fissuras devem ser limpas, preparadas e seladas com materiais apropriados. Produtos à base de poliuretano ou silicone são eficazes para pequenas aberturas, enquanto fissuras maiores podem requerer reparação estrutural.



Melhorias no Sistema de Impermeabilização


Aplicação de membranas modernas: As membranas líquidas oferecem excelente capacidade de adaptação a movimentos estruturais, com alongamentos até 450% antes da rotura. São especialmente adequadas para coberturas com geometrias complexas.


Condições de aplicação:

  • Temperatura entre 10°C e 35°C

  • Humidade relativa inferior a 80%

  • Ausência de precipitação

  • Superfície seca e limpa



Sistemas de Ventilação Adequados

A ventilação apropriada dos espaços sob cobertura previne a condensação e o desenvolvimento de fungos. As águas-furtadas e sótãos devem ter circulação de ar adequada para manter condições salubres.


Elementos de ventilação:

  • Aberturas de entrada na parte baixa

  • Saídas na cumeeira ou pontos altos

  • Ventilação cruzada quando possível

  • Evitar zonas de estagnação do ar


Edifício após obras de reabilitação, remodelação e ampliação no Douro
Edifício após obras de reabilitação, remodelação e ampliação no Douro

Aspectos Normativos e Técnicos


Conformidade com o RGEU

O Regulamento estabelece especificações claras para as coberturas, exigindo materiais impermeáveis e resistentes aos agentes atmosféricos. Para coberturas em terraço, deve garantir-se escoamento com declive mínimo de 1% e disposições para dilatação sem criar impulsos nas paredes.


Critérios de Qualidade dos Materiais


Para climas temperados como o português:

  • Resistência a ciclos de gelo-degelo

  • Estabilidade dimensional em variações térmicas

  • Resistência ao crescimento de microorganismos

  • Compatibilidade entre diferentes materiais



Responsabilidade Técnica

Intervenções significativas na cobertura devem ser acompanhadas por técnicos qualificados, especialmente quando envolvem alterações estruturais ou sistemas de impermeabilização complexos. O termo de responsabilidade é obrigatório para garantir conformidade com as normas.



Inovações e Tecnologias Emergentes


Sistemas de Monitorização

Sensores de humidade e temperatura permitem deteção precoce de problemas, alertando para condições que podem levar a infiltrações antes que danos visíveis ocorram.


Materiais de Nova Geração

  • Membranas auto-reparáveis

  • Revestimentos fotocatalíticos

  • Sistemas inteligentes de drenagem

  • Materiais com maior longevidade


Inspeções com Drones

A tecnologia de drones permite inspeções detalhadas sem riscos para os técnicos, identificando problemas em áreas de difícil acesso e proporcionando documentação visual completa.



Para considerar


A proteção eficaz contra infiltrações no telhado resulta da combinação entre projeto adequado, materiais de qualidade, execução competente e manutenção regular. O investimento em prevenção é sempre mais vantajoso que a correção de danos, tanto em termos económicos como de preservação da estrutura e conforto habitacional.

A evolução das técnicas e materiais disponíveis oferece hoje soluções mais duráveis e eficientes, mas o sucesso depende sempre do cumprimento rigoroso das normas técnicas e da realização de manutenção preventiva sistemática. O clima português, com as suas particularidades, exige atenção especial aos ciclos térmicos e à gestão da humidade.

A colaboração com profissionais qualificados garante não apenas a resolução de problemas existentes, mas também a implementação de soluções que previnem futuras infiltrações. A manutenção regular, embora represente um custo operacional, preserva o valor patrimonial do imóvel e evita intervenções de emergência dispendiosas.

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