top of page

Regras Urbanísticas recentes: Caminhos práticos para uma cidade mais sustentável

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 1 de jul.
  • 3 min de leitura
“Sustentabilidade urbana não é apenas um ideal: é uma obrigação legal que já influencia cada etapa do seu projecto.”


1. Porque é que a nova legislação importa?

A revisão do Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE) trouxe normas claras que ligam licenciamento, eficiência energética e planeamento sustentável. O objectivo é reduzir burocracias e, ao mesmo tempo, garantir que cada obra respeita metas ambientais e sociais definidas para 2030.


Benefícios imediatos

  • Processos camarários digitalizados, menos papel e deslocações

  • Incentivos para integrar energias renováveis em pequenas obras

  • Fiscalização focada em resultados, não em formalismos


    Armazém convertido em habitação e dividido em diferentes duplex
Armazém convertido em habitação e dividido em diferentes duplex

2. Principais mudanças pró-sustentabilidade

Tema

Novas exigências legais

Impacto prático

Substituição de materiais por alternativas de alta eficiência energética sem controlo prévio

Facilita trocas de caixilharias, isolamentos ou telhados mais eficientes

Energia Renovável

Instalação de painéis solares ou micro-geração eólica considerada obra menor

Menos licenças, mais autoconsumo

Plano obrigatório em todas as obras de urbanização e edificação

Redução de custos de deposição em aterro

Enquadramento legal próprio

Obtenção de licença mais célere para edifícios pré-fabricados e de menor pegada de carbono

Habitação acessível e espaços verdes como contrapartida prioritária

Melhoria da qualidade de vida do bairro

Fiscalização Pós-Obra

Vistorias direccionadas a desempenho energético e cumprimento de resíduos

Garantia de que as metas de sustentabilidade são efectivamente alcançadas


3. Conselhos para incorporar sustentabilidade desde o primeiro esboço


3.1 Planeamento inicial

  • Levantar servidões ecológicas: verifique Reserva Ecológica, hídrica e zonas de protecção antes de investir.

  • Escolher materiais locais: diminui emissões de transporte e acelera a aprovação.


3.2 Documentação e licenciamento

  • Utilize a Plataforma Electrónica dos Procedimentos Urbanísticos (obrigatória a partir de 2026) para submeter todos os ficheiros BIM.

  • Anexe Declarações de Responsabilidade focadas em desempenho térmico – agiliza análises camarárias.


3.3 Execução da obra

  • Adopte construção por fases apenas se o plano de resíduos e de mitigação de poeiras estiver validado.

  • Registe no Livro de Obra a rastreabilidade dos materiais reciclados.


3.4 Pós-obra e utilização

  • Comprove a eficiência através de certificação energética logo após terminar; evita multas em futuras transacções.

  • Planeie contratos de manutenção preventiva para assegurar consumo controlado de água e energia.



4. Exemplos práticos


  1. Reconversão de armazém em lofts

    • A instalação de painéis solares no telhado foi tratada como obra de escassa relevância, baixando taxas.

    • Taxa de cedência convertida em criação de um jardim comunitário no logradouro.

  2. Moradia unifamiliar em construção modular

    • Licença obtida em prazo reduzido graças ao novo Art. 1.º-A.

    • 30% menos resíduos comparativamente a método tradicional.

  3. Reabilitação de prédio antigo no centro histórico

    • Portas e janelas trocadas por modelos de elevado isolamento sem licença adicional.

    • Plano de resíduos garantiu reciclagem de 85% dos entulhos.


Adição de painéis solares fotovoltaicos numa moradia em Santarém
Adição de painéis solares fotovoltaicos numa moradia em Santarém

5. Perguntas que chegam frequentemente (e respostas curtas)


  • Preciso de licença para trocar telhado por painéis sandwich? Não, se mantiver a cércea e melhorar a eficiência térmica.

  • Posso avançar com uma piscina ecológica por Comunicação Prévia? Sim, desde que obedeça ao Plano Municipal e não ultrapasse áreas máximas.

  • A minha obra pequena tem de apresentar plano de resíduos? Sim, qualquer intervenção que gere detritos de construção.



Para refletir


A legislação já não vê sustentabilidade como um extra: transformou-a num requisito mínimo. Integrar boas práticas ambientais não só acelera aprovações como valoriza o imóvel a longo prazo. Adaptar-se às novas regras é garantir que o seu investimento responde aos desafios climáticos e às exigências do mercado.

Conselho final: consulte sempre profissionais qualificados – arquitectos, engenheiros e gestores de obra – para interpretar correctamente regulamentos municipais e maximizar incentivos ambientais.


bottom of page