Arquitetura para todos: Acessibilidade como pilar essencial na habitação
- Ana Carolina Santos

- 9 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de jun.
A arquitetura acessível vai muito além do cumprimento de normas legais: trata-se de antecipar, desde a fase de projeto, as necessidades presentes e futuras de todos os utilizadores de um espaço. Esta abordagem é cada vez mais valorizada em Portugal, especialmente no setor habitacional, onde o conforto, a segurança e a autonomia são fundamentais ao longo de toda a vida.
A arquitetura acessível não é apenas uma exigência legal, mas um compromisso com a qualidade de vida, inclusão e dignidade de todas as pessoas.
Quem beneficia da Arquitetura Acessível?
A acessibilidade não se limita a pessoas com deficiência motora. Os projetos devem considerar:
Pessoas com mobilidade reduzida (temporária ou permanente)
Idosos
Crianças
Mulheres grávidas
Pessoas obesas
Indivíduos com limitações sensoriais (cegueira, surdez, etc.)
Esta visão abrangente responde às exigências do Decreto-Lei n.º 163/2006, que regula a acessibilidade em edifícios públicos, privados e habitacionais em Portugal.

Porquê priorizar a acessibilidade?
Segurança: Reduz o risco de acidentes e promove a integridade física.
Autonomia: Permite que qualquer pessoa utilize os espaços sem dependência de terceiros.
Inclusão: Garante que todos possam participar plenamente na vida social e familiar.
Valorização do imóvel: Imóveis acessíveis são mais procurados e valorizados no mercado.
Cumprimento legal: O não cumprimento pode resultar em indeferimento de licenças e coimas elevadas.
Boas práticas em Arquitetura Inclusiva
Medidas e circulação
Largura mínima de portas e corredores: 90 cm (permite passagem de cadeira de rodas)
Espaços de manobra: Zonas de viragem com raio mínimo de 1,50 m
Acessos
Rampas, plataformas e elevadores: Eliminação de desníveis e barreiras arquitetónicas
Entradas niveladas: Sem degraus ou obstáculos
Acabamentos
Pavimentos anti-derrapantes: Reduzem o risco de quedas
Contraste visual: Facilita a orientação de pessoas com baixa visão
Instalações elétricas e hidráulicas
Altura dos interruptores e tomadas: Entre 0,40 m e 1,20 m do solo
Lavatórios e sanitas adaptados: Espaço livre por baixo e barras de apoio
Iluminação natural e de emergência: Essencial para orientação e segurança
Mobiliário e decoração
Evitar tapetes e obstáculos: Podem dificultar a circulação
Mobiliário com cantos arredondados: Minimiza riscos de impacto
Tecnologia
Domótica e automação: Portas automáticas, controlo remoto de iluminação, sensores de presença
Sistemas de alarme acessíveis: Sinalização sonora e visual

Exemplo prático
Imagine um apartamento T2 em Lisboa, projetado para ser totalmente acessível:
Elemento | Solução acessível |
Entrada | Porta automática, sem degrau |
Corredores | 1,10 m de largura |
Casa de banho | Duche ao nível do chão, barras de apoio, lavatório suspenso |
Cozinha | Bancada ajustável em altura, espaço livre por baixo |
Varanda | Acesso nivelado, guarda-corpos seguros |
Interruptores | Altura de 1,10 m, iluminação LED com sensores |
Legislação e responsabilidade
O Decreto-Lei n.º 163/2006 estabelece as normas técnicas obrigatórias para acessibilidade em habitação e espaços públicos. O não cumprimento pode levar ao indeferimento de licenças camarárias e aplicação de coimas.
Alerta Importante: Antes de iniciar qualquer projeto ou obra, confirme sempre com um arquiteto qualificado o cumprimento das normas legais e as melhores soluções para o seu caso específico.
Síntese visual: Boas práticas essenciais
Área | Recomendação |
Portas e corredores | ≥ 90 cm de largura |
Casas de banho | Barras de apoio, duche raso |
Acessos | Rampas, elevadores |
Pavimentos | Anti-derrapantes |
Instalações | Altura adaptada |
Mobiliário | Sem obstáculos |
Tecnologia | Domótica, alarmes acessíveis |
Para considerar
A arquitetura acessível é um investimento na qualidade de vida e na valorização do património. Ao integrar soluções inclusivas desde o início do projeto, está a garantir que a sua casa, edifício ou espaço público seja verdadeiramente para todos – hoje e no futuro.
Dica Final: Consulte sempre profissionais qualificados para assegurar que o seu projeto cumpre todas as normas e oferece as melhores soluções de acessibilidade.



