top of page

Bases essenciais da Reabilitação Urbana: Tudo o que deve saber antes de começar um projeto

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 25 de ago.
  • 4 min de leitura

A reabilitação urbana representa uma das estratégias mais importantes para revitalizar os nossos centros históricos e bairros degradados. Se está a pensar investir numa propriedade para reabilitar ou simplesmente quer compreender melhor este processo, este post vai esclarecer os princípios fundamentais que regem esta área.


Vista aérea de uma zona de Reabilitação Urbana do Porto
Vista aérea de uma zona de Reabilitação Urbana do Porto

O que é a Reabilitação Urbana?


A reabilitação urbana vai muito além da simples renovação de um edifício. É uma intervenção integrada sobre o tecido urbano existente, onde o património urbanístico e imobiliário é mantido, no todo ou em parte substancial, e modernizado através da realização de:

  • Obras de remodelação ou beneficiação dos sistemas de infraestruturas urbanas

  • Melhoria dos equipamentos e dos espaços urbanos ou verdes de utilização coletiva

  • Obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação ou demolição dos edifícios



Dois tipos de operação


Existem duas modalidades principais de reabilitação urbana:

Reabilitação Urbana simples

  • Foca-se primordialmente na reabilitação do edificado

  • Enquadramento de coordenação e apoio à execução

  • Intervenção mais localizada

Reabilitação Urbana sistemática

  • Abrange a reabilitação do edificado e a qualificação das infraestruturas

  • Inclui equipamentos e espaços verdes e urbanos de utilização coletiva

  • Visa a requalificação e revitalização do tecido urbano

  • Associada a um programa de investimento público



Princípios Fundamentais da Reabilitação


1. Proteção do Existente

Este é um dos pilares mais importantes da reabilitação urbana. O princípio da proteção do existente permite realizar intervenções no edificado que, embora não cumpram todas as disposições legais aplicáveis à data da intervenção, não agravam a desconformidade dos edifícios.

Na prática, isto significa que:

  • Pode intervir num edifício antigo sem ter de o adaptar integralmente às normas atuais

  • As obras devem melhorar as condições de segurança e salubridade

  • O resultado deve ser uma melhoria das condições de desempenho estrutural

  • O sacrifício do cumprimento integral das normas deve ser proporcional


2. Sustentabilidade Ambiental

A sustentabilidade é transversal a todo o processo de reabilitação. Os projetos devem:

  • Promover a eficiência energética em edifícios públicos e privados

  • Contribuir para a sustentabilidade ambiental, cultural, social e económica dos espaços urbanos

  • Basear-se num modelo financeiramente sustentado e equilibrado

  • Valorizar as áreas urbanas através de soluções inovadoras do ponto de vista socioambiental


3. Melhoria progressiva

A reabilitação deve ser encarada como um processo de melhoria contínua que:

  • Requalifica tecidos urbanos degradados ou em degradação

  • Melhora as condições de habitabilidade e funcionalidade do parque imobiliário

  • Moderniza as infraestruturas urbanas

  • Promove a revitalização urbana orientada por objetivos estratégicos



Objetivos da Reabilitação Urbana


A legislação estabelece objetivos claros que qualquer projeto de reabilitação deve prosseguir:


Património e Identidade

  • Garantir a proteção e promover a valorização do património cultural

  • Afirmar os valores patrimoniais como fatores de identidade e competitividade urbana


Qualidade de vida

  • Assegurar a reabilitação dos edifícios degradados ou funcionalmente inadequados

  • Desenvolver novas soluções de acesso a uma habitação condigna

  • Promover a melhoria geral da mobilidade


Inclusão Social

  • Qualificar e integrar as áreas urbanas especialmente vulneráveis

  • Promover a inclusão social e a coesão territorial

  • Assegurar a igualdade de oportunidades no acesso a infraestruturas e serviços


Funcionalidade Urbana

  • Requalificar os espaços verdes e equipamentos de utilização coletiva

  • Recuperar espaços urbanos funcionalmente obsoletos

  • Promover a criação e melhoria das acessibilidades para cidadãos com mobilidade condicionada



Princípios de atuação


A política de reabilitação urbana segue princípios fundamentais que orientam todas as intervenções:


Responsabilização dos Proprietários

Os proprietários têm um papel preponderante na reabilitação do edificado, sendo-lhes imputados os custos inerentes a esta atividade.


Subsidiariedade da Ação Pública

As ações públicas de reabilitação só devem ocorrer quando os particulares não assegurem ou não possam assegurar as intervenções necessárias.


Solidariedade Intergeracional

Garantir a transmissão às gerações futuras de espaços urbanos corretamente ordenados e conservados.


Integração e Coordenação

  • Preferir intervenções em áreas cuja delimitação permita uma resposta adequada às várias componentes do desenvolvimento urbano

  • Promover a convergência entre as várias ações de iniciativa pública e privada



Áreas de Reabilitação Urbana


Para que um projeto de reabilitação possa beneficiar dos apoios e incentivos específicos, deve localizar-se numa Área de Reabilitação Urbana (ARU) oficialmente delimitada.


Critérios para delimitação

Uma ARU deve abranger espaços urbanos que, devido à:

  • Insuficiência, degradação ou obsolescência dos edifícios

  • Estado das infraestruturas urbanas

  • Condições dos equipamentos ou espaços de utilização coletiva

Justifiquem uma intervenção integrada.


Benefícios das ARU

A delimitação de uma ARU:

  • Obriga à definição de benefícios fiscais municipais sobre o património

  • Confere aos proprietários direito de acesso a apoios e incentivos fiscais e financeiros

  • Facilita o licenciamento de operações urbanísticas



Instrumentos de Execução


A reabilitação urbana dispõe de diversos instrumentos para viabilizar as intervenções:


Controlo de Operações Urbanísticas

  • Licenciamento e comunicação prévia adaptados à reabilitação

  • Procedimentos simplificados para determinadas operações

  • Proteção do existente nas intervenções


Instrumentos de Política Urbanística

  • Obrigação de reabilitar e obras coercivas

  • Direito de preferência nas transmissões de imóveis

  • Expropriação e venda forçada em casos específicos

  • Arrendamento forçado para garantir a reabilitação


Modelos de Execução

A execução pode seguir diferentes modelos:

Por iniciativa dos Particulares

  • Execução com apoio da entidade gestora

  • Administração conjunta


Por iniciativa da Entidade Gestora

  • Execução direta

  • Parcerias com entidades privadas

  • Concessões de reabilitação


Vista aérea de uma zona de Reabilitação Urbana do Porto
Vista aérea de uma zona de Reabilitação Urbana do Porto

Aspetos procedimentais importantes


Licenciamento facilitado

Em áreas de reabilitação urbana, determinadas operações podem beneficiar de:

  • Procedimentos simplificados

  • Dispensa de determinadas consultas

  • Prazos reduzidos


Proteção do Existente na prática

Este princípio permite:

  • Manter características arquitetónicas relevantes

  • Adaptar gradualmente às normas atuais

  • Equilibrar preservação e modernização


Financiamento e Apoios

  • Apoios do Estado e dos municípios

  • Benefícios fiscais específicos

  • Fundos de investimento imobiliário dedicados



Para considerar


A reabilitação urbana representa uma oportunidade única de valorizar o nosso património construído enquanto se criam espaços modernos e funcionais. Os princípios de proteção do existente, sustentabilidade ambiental e melhoria progressiva não são apenas conceitos teóricos – são ferramentas práticas que permitem equilibrar a preservação da identidade dos nossos centros urbanos com as necessidades da vida contemporânea.

Investir em reabilitação urbana é investir no futuro das nossas cidades, contribuindo para uma sociedade mais sustentável e inclusiva. Com o enquadramento legal adequado e uma abordagem profissional, os projetos de reabilitação podem transformar espaços degradados em áreas vibrantes e atrativas, beneficiando toda a comunidade.


Está a pensar num projeto de reabilitação urbana?

A AC-Arquitetos tem a experiência e o conhecimento técnico necessários para orientar o seu projeto desde a fase inicial até à conclusão. Contacte-nos para uma consulta personalizada e descubra como podemos transformar a sua visão em realidade.

bottom of page