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Instalação de Painéis Solares no telhado: passos práticos, regras e benefícios

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

Implementar energia solar numa moradia portuguesa é hoje mais simples, rápido e vantajoso. Contudo, exige atenção a requisitos técnicos e legais para evitar surpresas e maximizar o retorno do investimento.


Edifício de habitação coletiva em Coimbra com painéis solares
Edifício de habitação coletiva em Coimbra com painéis solares

1. Porquê avançar?


  • Poupança média na fatura de eletricidade: 30 – 60% ao ano, dependendo do perfil de consumo.

  • Valorização imediata do imóvel, aliada à melhoria da classe energética.

  • Contribuição direta para as metas nacionais de neutralidade carbónica.



Painéis solares reduzem custos, valorizam a habitação e (quase sempre) dispensam licença camarária.


Situação

Regime urbanístico

O que cumprir

Painéis fotovoltaicos ou térmicos associados à edificação, sem ultrapassar a área da cobertura nem a cércea + 1 m

Obra de escassa relevância urbanística (art. 6-A/1-g RJUE) – isenta de controlo prévio

Seguir regras técnicas do RGEU e garantir segurança estrutural

Imóvel classificado, em zona protegida ou fachada virada para a via pública

Licença de demolição/alteração (art. 4/2-d RJUE)

Parecer da tutela do património + projeto de integração

Instalação em solo (carport ou estrutura dedicada)

Obras de construção – podem exigir licença ou comunicação prévia, consoante área e plano municipal

Projeto de estabilidade, drenagem e acesso

Notas rápidas:

  • Mesmo sem licença, deve ser enviada notificação ao município se usar geradores eólicos de microprodução.

  • Condomínios: decisão por assembleia (> 2/3 votos) antes de solicitar orçamentos.



3. Condições técnicas no telhado


  1. Estrutura – confirmar, com engenheiro civil, que a carga adicional (~15 kg/m²) é compatível com o telhado (arts. 128.º-132.º RGEU).

  2. Cobertura – verificar impermeabilização e inclinação para evitar infiltrações (arts. 42.º-43.º RGEU).

  3. Acesso para manutenção – prever espaço livre de 0,5 m em perimetro mínimo.

  4. Orientação e sombra – ideal sul (inclinação 25º-35º); toleram-se desvios até ± 45º.

  5. Compatibilidade com chaminés e condutas – manter 0,5 m de afastamento (art. 111.º RGEU).



4. Passo-a-passo para proprietários


  1. Diagnóstico energético – analisar curva de consumo; escolher potência-pico adequada.

  2. Consulta ao técnico de engenharia – parecer de estabilidade + especificações elétricas.

  3. Verificação de restrições urbanísticas – património, zonas ARU, servidões aeronáuticas.

  4. Orçamentos comparáveis – pedir a três instaladores certificados pela DGEG.

  5. Registo no portal de autoconsumo (UPAC ≤ 30 kW) – gratuito, 100% online.

  6. Instalação e inspeção – cumprir REPower EU, cablagem e quadro DC isolado.

  7. Entrega do certificado de obra – declaração do técnico responsável + manual de manutenção.

  8. Activar venda de excedentes – contrato simples com comercializador; tarifas entre 50% a 70% do preço de compra.

  9. Revisão anual – limpeza de módulos, verificação de apertos e atualização do registo na DGEG quando necessário.



5. Incentivos financeiros em 2025

Programa

Tipologia

Apoio típico

Observações

UPAC até 2 kW

Voucher 1 300 €

Elegível para famílias com tarifa social

Baterias até 10 kWh

85 € por kWh, máx. 2 500 €

Candidaturas online; critério de primeiro-chegado

IVA reduzido (6%)

Painéis + acessórios

Redução direta na fatura

Apenas para habitação própria


6. Conselhos práticos antes de fechar contrato


  • Negocie garantia mínima de 10 anos sobre inversor e 25 anos sobre painéis (performance ≥ 80%).

  • Solicite ficha técnica completa: potência, eficiência, certificação IEC/EN.

  • Peça simulação de sombra anual baseada em software (PV-GIS ou semelhante).

  • Certifique-se de que o instalador trata do registo DGEG e da comunicação à distribuidora.

  • Reserve verba para eventual substituição do inversor ao fim de 12-15 anos.


Moradia em Matosinhos com painéis solares
Moradia em Matosinhos com painéis solares

Exemplos práticos


  • Moradia T3 em Matosinhos: instalação de 12 painéis (5 kW) + microinversores; retorno em 6,8 anos.

  • Apartamento topo em Coimbra: solução partilhada no condomínio, 8 painéis (3 kW) no telhado comum; redução de 40% na quota de energia das frações aderentes.



Para considerar


Investir em painéis solares é, hoje, uma decisão sensata para quem procura poupança e autonomia energética. O enquadramento legal português facilita a instalação no telhado sem burocracia, mas continua a exigir rigor técnico para garantir segurança e durabilidade. Avalie a estrutura, confirme as regras municipais e conte sempre com profissionais qualificados para projetar, instalar e legalizar o sistema.


Conselho: antes de assinar o contrato, marque uma reunião de viabilidade com um arquiteto e engenheiro para assegurar que a solução solar respeita normas, estética e potencializa o valor do seu imóvel.

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