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Preparar o Projeto: Acessibilidade sem complicações

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 17 de set.
  • 3 min de leitura

Garantir a acessibilidade é um dos maiores desafios e obrigações de proprietários e promotores imobiliários em Portugal. O Decreto-Lei 163/2006 define critérios rigorosos para projetos de arquitetura, construção e reabilitação, tornando indispensável uma preparação meticulosa para que todos tenham acesso pleno, seguro e confortável ao espaço construído.



“A acessibilidade não é um detalhe: é requisito legal incontornável em projetos imobiliários modernos e reabilitações.”

Espaço cultural em Lisboa com boas acessibilidades
Espaço cultural em Lisboa com boas acessibilidades

O essencial sobre a Lei das Acessibilidades


  • A lei é aplicável a edifícios de habitação, equipamentos coletivos, estabelecimentos públicos e privados, vias públicas e espaços exteriores.

  • Qualquer pedido de licenciamento que não cumpra as regras de acessibilidade é indeferido pelas Câmaras Municipais.

  • A fiscalização e responsabilidade recaem sobre todos os intervenientes: projetistas, donos de obra, técnicos e entidades licenciadoras.



Checklist para cumprir a Lei das Acessibilidades


1. Planeamento Inicial

  • Antecipe o regulamento técnico desde o início do projeto: identifique áreas prioritárias e barreiras físicas.

  • Inclua um plano de acessibilidades detalhado no processo de licenciamento.

  • Selecione soluções técnicas adequadas e adaptáveis ao tipo de edifício (novo, reabilitado ou de valor patrimonial).


2. Percursos e Circulação

  • Garanta um percurso acessível desde a via pública até à entrada principal e a todos os espaços relevantes.

  • Passeios e rampas: largura mínima de 1,2m livres, inclinação conforme especificações, áreas de manobra para rotação de cadeiras de rodas.

  • Evite desníveis abruptos e degraus isolados sem alternativas (rampa, elevador ou plataforma).


3. Portas e Acessos

  • Portas de entrada, corredores e zonas de serviços com largura útil mínima de 0,87m para edifícios e 0,77m para portas interiores.

  • Todas as portas devem ser facilmente manobráveis (sem necessidade de força excessiva ou movimentos complexos).


4. Instalações Sanitárias

  • Deve existir pelo menos uma instalação sanitária acessível, devidamente equipada e próxima das restantes.

  • Integre barras de apoio, áreas de transferência, lavatórios com espaço livre inferior e espelhos posicionados ao alcance.


5. Mobiliário e Equipamentos

  • Certifique-se que balções, guichês de atendimento, telefones públicos e equipamentos de autoatendimento estão ao alcance de todos (altura entre 0,75m e 1,2m).

  • Sinalização adequada, clara e visível, para percurso acessível, sanitários e estacionamento reservado.


6. Espaços de Estacionamento

  • Reserve lugares de estacionamento para pessoas com mobilidade condicionada (mínimo 1 por cada 10 lugares, aumentando conforme a dimensão).


7. Elementos complementares

  • Corrimãos e barras de apoio em escadas, rampas e instalações sanitárias.

  • Pisos antiderrapantes, sem juntas profundas ou obstáculos inesperados.

  • Iluminação adequada, evitando sombras e zonas com pouca perceção visual.


Elemento

Exigência técnica

Observações práticas

Percurso acessível

Largura ≥ 1,2m, sem obstáculos

Obrigatório em todos os edifícios

Portas e acessos

Largura ≥ 0,87m (entrada); ≥ 0,77m

Fácil manobra, sem força excessiva

Sanitários acessíveis

Equipados, barras de apoio e espaço

Pelo menos um por edifício/equipamento

Estacionamento reservado

1 por cada 10 lugares (mín.)

Sinalização visível e acesso seguro

Sinalização

Visível, anti-reflexo, contraste

Indicar percursos, instalações, etc.


Conselhos fundamentais


  • Consulte sempre o regulamento municipal, pois poderá haver exigências técnicas complementares.

  • Promova a inclusão desde o levantamento inicial, envolvendo um arquiteto com experiência em acessibilidades.

  • Prepare o projeto com atenção aos detalhes métricos: pequenas falhas podem inviabilizar o licenciamento.

  • Oriente o empreiteiro e fornecedores durante a obra para garantir que todos os parâmetros sejam cumpridos.

  • Documente e fotografe as soluções adoptadas para facilitar futuras inspeções ou vendas.


Rua pedonal em Lisboa com boas acessibilidades
Rua pedonal em Lisboa com boas acessibilidades

Erros comuns a evitar


  • Adiar a integração das soluções de acessibilidade para fases tardias do projeto.

  • Subestimar as dimensões mínimas obrigatórias de corredores, portas ou zonas de manobra.

  • Falta de sinalização adequada e elementos de apoio mal posicionados.

  • Negligenciar a necessidade de adaptar e fundamentar exceções em edifícios patrimoniais ou de morfologia complexa.



Para refletir


Cumprir as exigências da lei das acessibilidades é essencial para criar espaços funcionais, inclusivos e legais, sem imprevistos. O rigor, o planeamento e o acompanhamento técnico especializado tornam cada projeto um exemplo de responsabilidade social e profissional, com benefícios para toda a sociedade.

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