Quando a Informação Prévia diz "Não": Caminhos e soluções
- Ana Carolina Santos

- 2 de out.
- 3 min de leitura
Quando o resultado de uma informação prévia desfavorável chega às nossas mãos, a sensação inicial pode ser de desalento. No entanto, é crucial compreender que este não é necessariamente o final do percurso, mas antes um sinal de que é necessário ajustar a estratégia e explorar as alternativas disponíveis.
O que significa uma Informação Prévia Desfavorável
A informação prévia desfavorável é emitida quando o projeto ou operação urbanística pretendida não cumpre as prescrições urbanísticas aplicáveis, designadamente as constantes de plano municipal ou intermunicipal de ordenamento do território ou de operação de loteamento.

Principais motivos para Indeferimento
Os motivos mais comuns que levam a uma decisão desfavorável incluem:
Violação de planos territoriais - desconformidade com planos municipais, intermunicipais ou especiais
Incumprimento de normas legais - violação de regulamentação sobre aspetos exteriores e inserção urbana
Sobrecarga das infraestruturas - impacto incomportável nas redes existentes
Questões patrimoniais - afetação negativa do património cultural ou paisagístico
Inadequação ao uso previsto - desconformidade com os usos admissíveis na zona
Alternativas e Recursos disponíveis
Reformulação do Projeto
Quando a informação é desfavorável, dela deve constar a indicação dos termos em que a mesma pode ser revista por forma a serem cumpridas as prescrições urbanísticas aplicáveis. Este aspeto é fundamental, pois fornece as diretrizes para a correção do projeto.
Estratégias de reformulação:
Reduzir a volumetria ou alterar a implantação
Modificar o programa funcional
Adequar os materiais e soluções arquitetónicas
Ajustar os índices urbanísticos propostos
Possibilidade de compromisso com o Município
Nos casos em que existam questões relacionadas com sobrecarga das infraestruturas, existe a possibilidade de deferimento mediante compromisso por parte do requerente. Este pode assumir a execução dos trabalhos necessários ou os respetivos encargos, bem como os custos de funcionamento por um período mínimo de 10 anos.
Esta solução implica:
Celebração de contrato com a Câmara Municipal
Prestação de caução adequada
Benefício de redução ou isenção de taxas urbanísticas
Novo Pedido de Informação Prévia
Uma alternativa é a apresentação de um novo pedido de informação prévia com as alterações sugeridas. Este processo permite:
Validar as correções propostas
Obter segurança jurídica antes de avançar para licenciamento
Evitar custos desnecessários com projetos inviáveis
Prazo de Validade e Renovação
É importante ter em conta que os prazos são fundamentais neste processo. As operações urbanísticas baseadas em informação prévia favorável devem ser iniciadas no prazo de dois anos. Caso este prazo esteja próximo do fim, é possível requerer ao Presidente da Câmara a declaração de que se mantêm os pressupostos que levaram à decisão anterior.
Análise de Viabilidade Económica
Antes de tomar qualquer decisão, é essencial realizar uma análise custo-benefício que considere:
Custos de reformulação
Honorários de arquitetura e especialidades
Tempo adicional de desenvolvimento
Possíveis reduções na área de construção
Custos de assumir encargos municipais
Valor das infraestruturas necessárias
Custos de funcionamento por 10 anos
Garantias bancárias exigidas
O papel do Técnico
Numa situação de informação prévia desfavorável, o apoio de um arquiteto experiente torna-se ainda mais crucial. Este profissional pode:
Interpretar corretamente os motivos do indeferimento
Propor soluções técnicas adequadas
Negociar com os serviços municipais
Avaliar a viabilidade das alternativas disponíveis
"Uma informação prévia desfavorável não é um obstáculo intransponível, mas uma oportunidade para encontrar a solução mais adequada ao local e ao programa pretendido"
Considerações especiais para Património
Quando a operação urbanística se situa em áreas de valor patrimonial, as alternativas podem incluir:
Soluções de inserção mais sensíveis
Materiais e técnicas tradicionais
Redução do impacto visual
Parecer de especialistas em património
Estratégias de comunicação com o Município
A relação com os serviços municipais é fundamental para o sucesso do processo:
Reuniões preparatórias
Agendar reuniões informais antes da submissão
Apresentar estudos preliminares para validação
Esclarecer dúvidas sobre regulamentação
Documentação complementar
Estudos de impacto visual
Análises de inserção urbana
Pareceres técnicos especializados
Para refletir
Uma informação prévia desfavorável, embora inicialmente dececionante, pode revelar-se uma oportunidade valiosa. Força-nos a repensar o projeto, a encontrar soluções mais criativas e, muitas vezes, mais adequadas ao contexto específico.
O sucesso na superação destes desafios passa por uma abordagem metodica, que combine conhecimento técnico, criatividade arquitetónica e capacidade de diálogo com as entidades competentes. Cada situação é única e merece uma análise cuidadosa das suas particularidades.
A legislação portuguesa, através do RJUE, oferece instrumentos e mecanismos que, quando bem utilizados, permitem encontrar soluções equilibradas entre as pretensões dos particulares e os interesses público urbanísticos. O importante é não desistir à primeira dificuldade, mas encarar cada obstáculo como um desafio técnico a resolver.
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