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Operações de Reabilitação: Compreender as diferenças entre alteração, ampliação e reconstrução

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 28 de ago.
  • 5 min de leitura

A reabilitação urbana é uma das grandes apostas para revitalizar o património edificado português. No entanto, muitos proprietários e investidores deparam-se com conceitos técnicos e legais que nem sempre são claros. Alteração, ampliação e reconstrução são termos frequentemente confundidos, mas que têm implicações muito distintas no processo de licenciamento e nos custos envolvidos. Compreender estas diferenças é fundamental para tomar decisões informadas sobre o seu projeto imobiliário e evitar surpresas desagradáveis durante o processo de licenciamento.


Moradia dos anos 50 em Sintra após obras de reabilitação, remodelação e alteração
Moradia dos anos 50 em Sintra após obras de reabilitação, remodelação e alteração

O que são Operações de Reabilitação?


As operações de reabilitação abrangem todas as intervenções destinadas a melhorar, modernizar ou adaptar edificações existentes. Estas operações são regulamentadas pelo Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE) e pelo Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU), que estabelecem as regras e procedimentos a seguir.

As principais modalidades de intervenção são:


1. Obras de Alteração

Definição legal: Obras que resultam na modificação das características físicas de uma edificação existente, designadamente a estrutura resistente, o número de fogos ou divisões interiores, ou a natureza e cor dos materiais de revestimento exterior, sem aumento da área total de construção, da área de implantação ou da altura da fachada.

Na prática, isto significa:

  • Alteração da disposição interior dos espaços

  • Modificação de divisórias internas

  • Mudança de materiais de revestimento exterior

  • Alteração do número de divisões ou fogos

  • Intervenções na estrutura sem aumentar volumes

Exemplos práticos:

  • Transformar dois quartos pequenos num quarto maior

  • Alterar a disposição da cozinha e sala de estar

  • Substituir azulejos de fachada por pedra natural

  • Converter um T2 em T3 através de nova divisória

  • Reforçar a estrutura existente sem ampliar


2. Obras de Ampliação

Definição legal: Obras que resultam no aumento da área de implantação, da área total de construção, da altura da fachada ou do volume de uma edificação existente.

Características distintivas:

  • Sempre implicam aumento de volume construído

  • Podem ser horizontais (mais área) ou verticais (mais altura)

  • Requerem análise mais aprofundada das infraestruturas existentes

  • Têm maior impacto urbanístico

Modalidades de ampliação:

  • Ampliação horizontal: Extensão da construção no terreno

  • Ampliação vertical: Acréscimo de pisos ou elevação da cércea

  • Ampliação mista: Combinação de aumento horizontal e vertical

Exemplos concretos:

  • Construção de um anexo ou extensão da habitação

  • Acréscimo de um piso ou sótão habitável

  • Ampliação da área de implantação para criar garagem

  • Elevação da cobertura para ganhar pé-direito


3. Obras de Reconstrução

Definição legal: Obras de construção subsequentes à demolição, total ou parcial, de uma edificação existente, das quais resulte a reconstituição da estrutura das fachadas.

Aspetos fundamentais:

  • Pressupõem sempre demolição prévia

  • Reconstituem a estrutura das fachadas

  • Podem manter ou não as características arquitetónicas originais

  • Requerem licenciamento mais complexo

Tipos de reconstrução:

  • Reconstrução total: Demolição completa e nova construção

  • Reconstrução parcial: Manutenção de parte da estrutura original

  • Reconstrução com aumento de altura: Quando resulta em maior cércea



Quando cada tipo de obra requer Licenciamento

O regime de controlo prévio varia conforme o tipo de operação e a localização do imóvel:


Sujeitas a Licença Municipal

  • Obras de reconstrução das quais resulte aumento da altura da fachada

  • Obras em imóveis classificados ou em vias de classificação

  • Intervenções em zonas de proteção de património classificado

  • Operações em áreas não abrangidas por plano de pormenor


Sujeitas a Comunicação Prévia

  • Obras de alteração e ampliação em áreas com plano de pormenor

  • Intervenções em zona urbana consolidada que respeitem os parâmetros urbanísticos

  • Operações em áreas abrangidas por operação de loteamento


Isentas de Controlo Prévio

  • Obras de alteração no interior que não afetem a estrutura

  • Reconstrução e ampliação sem aumento da altura da fachada

  • Obras de escassa relevância urbanística



Fatores decisivos na escolha da modalidade


Condicionantes técnicas

  • Estado de conservação da edificação existente

  • Capacidade estrutural para suportar alterações

  • Conformidade com regulamentos atuais

  • Infraestruturas disponíveis (água, esgotos, eletricidade)


Condicionantes legais

  • Classificação patrimonial do imóvel

  • Servidões e restrições urbanísticas

  • Regulamentos municipais específicos

  • Instrumentos de gestão territorial aplicáveis


Condicionantes económicas

  • Custos de licenciamento e taxas municipais

  • Prazo de aprovação dos projetos

  • Complexidade dos trabalhos de execução

  • Necessidade de realojamento temporário



Procedimentos e documentação necessária


Elementos técnicos fundamentais

  • Levantamento rigoroso do estado atual

  • Projeto de arquitetura detalhado

  • Projetos de especialidades (estruturas, instalações)

  • Termos de responsabilidade dos técnicos habilitados


Documentação legal

  • Certidão da conservatória do registo predial

  • Caderneta predial atualizada

  • Plantas de localização e enquadramento

  • Elementos fotográficos do existente


Aspetos procedimentais

  • Consulta às entidades externas competentes

  • Publicidade do pedido no local da obra

  • Prazos específicos para cada tipo de procedimento

  • Possibilidade de licenciamento por fases


Moradia dos anos 50 em Sintra após obras de reabilitação, remodelação e alteração, vista do interior
Moradia dos anos 50 em Sintra após obras de reabilitação, remodelação e alteração, vista do interior

Vantagens e desafios de cada modalidade


Obras de Alteração

Vantagens:

  • Procedimento mais simples e rápido

  • Menores custos de licenciamento

  • Aproveitamento integral da estrutura existente

  • Menor impacto nas infraestruturas urbanas

Desafios:

  • Limitações impostas pela estrutura existente

  • Necessidade de compatibilizar com regulamentos atuais

  • Possíveis condicionantes estruturais


Obras de Ampliação

Vantagens:

  • Aumento efetivo da área útil

  • Valorização significativa do imóvel

  • Possibilidade de modernizar completamente o espaço

Desafios:

  • Maior complexidade de licenciamento

  • Análise das infraestruturas existentes

  • Possível necessidade de reforço estrutural

  • Custos mais elevados


Obras de Reconstrução

Vantagens:

  • Liberdade total de conceção arquitetónica

  • Possibilidade de otimizar completamente o espaço

  • Cumprimento integral dos regulamentos atuais

  • Potencial para máxima valorização

Desafios:

  • Procedimento mais complexo e demorado

  • Custos mais elevados

  • Necessidade de realojamento temporário

  • Maior risco de imprevistos durante a obra



A importância do acompanhamento técnico especializado


Análise prévia rigorosa

A escolha da modalidade de intervenção deve basear-se numa análise técnica rigorosa que considere:

  • Estado estrutural do edifício

  • Conformidade regulamentar

  • Potencial de valorização

  • Viabilidade económica


Estratégia de Licenciamento

Cada projeto requer uma estratégia específica de licenciamento que tenha em conta:

  • Regime jurídico aplicável

  • Entidades a consultar

  • Documentação necessária

  • Prazos procedimentais


Gestão de Expetativas

É fundamental gerir corretamente as expetativas relativamente a:

  • Custos totais do projeto

  • Prazos de licenciamento e execução

  • Condicionantes técnicas e legais

  • Resultados finais alcançáveis



Para considerar


A reabilitação do património edificado representa uma oportunidade única de valorização imobiliária e contribuição para a sustentabilidade urbana. No entanto, o sucesso destes projetos depende crucialmente de uma compreensão clara dos conceitos legais e procedimentos aplicáveis. A distinção entre alteração, ampliação e reconstrução não é meramente académica – tem implicações práticas diretas nos custos, prazos e viabilidade dos projetos. Uma análise técnica rigorosa na fase inicial permite otimizar a estratégia de intervenção e evitar surpresas desagradáveis.

O investimento em acompanhamento técnico especializado desde as primeiras fases do projeto não é um custo, mas sim um investimento que se traduz em economia de tempo, redução de riscos e maximização do potencial de valorização do imóvel.


Está a planear um projeto de reabilitação? A equipa da AC-Arquitetos tem a experiência e conhecimento técnico necessários para o acompanhar em todas as fases do seu projeto, desde a análise de viabilidade até à licença de utilização. Contacte-nos para uma primeira consulta e descubra como podemos transformar as suas ideias em realidade, respeitando os requisitos legais e maximizando o potencial do seu investimento.

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