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Projetos afectados pelas novas regras urbanísticas: Exemplos práticos e lições

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 20 de jun.
  • 3 min de leitura

Com a entrada em vigor das alterações ao Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE) em 2024 e 2025, muitos projetos de arquitetura e urbanismo passaram a enfrentar novos requisitos, prazos e procedimentos. A digitalização, a simplificação de processos, a centralização das consultas e o reforço das exigências ambientais e técnicas são agora realidades incontornáveis para qualquer operação urbanística em Portugal. A adaptação às novas regras é fundamental para garantir o sucesso e a legalidade dos projetos urbanísticos e de construção.


Reabilitação, remodelação e alteração de fachada de um edifício em Lisboa
Reabilitação, remodelação e alteração de fachada de um edifício em Lisboa

Exemplos práticos de projetos impactados


1. Loteamento urbano em zona de expansão

Situação: Um promotor pretende desenvolver um loteamento residencial numa área de expansão urbana, com 80 fogos e 2 hectares.

Impactos das novas regras:

  • Procedimento digital obrigatório: Todo o processo, desde a submissão dos projetos ao acompanhamento das decisões, decorre na Plataforma Eletrónica dos Procedimentos Urbanísticos.

  • Centralização das consultas: A CCDR coordena as entidades externas, emitindo decisão vinculativa em prazo fixo.

  • Prazos mais curtos: Deliberação final em até 200 dias, com deferimento tácito previsto.

  • Consulta pública obrigatória: Loteamentos acima de 4 hectares ou 100 fogos continuam sujeitos a discussão pública, mas agora com prazos mais curtos e procedimentos simplificados.


2. Reabilitação em zona histórica

Situação: Reabilitação de edifício classificado no centro histórico, com alteração de fachadas e ampliação do número de fogos.

Impactos das novas regras:

  • Licenciamento obrigatório: Mesmo pequenas alterações exteriores exigem Licenciamento, especialmente em imóveis classificados.

  • Consultas externas: Parecer obrigatório do Património Cultural e, em alguns casos, da CCDR.

  • Prazos para decisão: Até 150 dias para obras em imóveis classificados, com possibilidade de deferimento tácito em caso de silêncio da administração.

  • Vistorias: Mantêm-se obrigatórias, mas podem ser substituídas por termo de responsabilidade técnica em alguns casos.


3. Construção Modular em meio rural

Situação: Projeto de habitação modular permanente numa zona rural, com recurso a elementos pré-fabricados.

Impactos das novas regras:

  • Aplicação do RJUE à construção modular: Claramente incluída no regime legal, exige licenciamento ou comunicação prévia conforme a localização e o enquadramento urbanístico.

  • Definição de obras de escassa relevância: Algumas intervenções podem estar isentas de controlo prévio, caso cumpram os critérios definidos em regulamento municipal.


4. Ampliação de moradia em Solo Rústico

Situação: Proprietário pretende ampliar uma moradia existente em solo rústico, fora do perímetro urbano.

Impactos das novas regras:

  • Licenciamento obrigatório: Ampliações fora do perímetro urbano exigem licença, salvo exceções previstas para pequenas ampliações e desde que respeitem as áreas mínimas.

  • Servidões e restrições: Ampliações em áreas sujeitas a servidão administrativa ou restrição de utilidade pública continuam a exigir pareceres e podem ser indeferidas.

  • Isenção de controlo prévio: Algumas obras de conservação ou alteração interior podem estar isentas, desde que não afetem a estrutura ou fachadas.


Ampliação de uma habitação em Azinheira dos Barros, Grândola
Ampliação de uma habitação em Azinheira dos Barros, Grândola

Novas exigências por Tipo de Projeto

Tipo de Projeto

Principais impactos das novas regras

Loteamento urbano

Digitalização, centralização de consultas, prazos

Reabilitação em zona histórica

Consultas externas, licenciamento obrigatório

Construção modular

Inclusão no RJUE, licenciamento ou comunicação prévia

Ampliação em solo rústico

Licenciamento obrigatório, restrições reforçadas


Conselhos práticos para Proprietários e Promotores


  • Prepare toda a documentação em formato digital e submeta os projetos na plataforma eletrónica.

  • Consulte previamente o regulamento municipal para identificar obras isentas de controlo prévio.

  • Planeie prazos realistas, tendo em conta os novos limites legais para decisões e deferimentos tácitos.

  • Acompanhe o processo online e reaja rapidamente a pedidos de informação para evitar suspensões.

  • Envolva técnicos qualificados para garantir termos de responsabilidade e conformidade técnica.



Para considerar


As recentes alterações ao RJUE e à legislação urbanística portuguesa representam uma mudança estrutural na forma como os projetos são planeados, licenciados e executados. O sucesso de qualquer intervenção depende agora da capacidade de adaptação às novas exigências digitais, à centralização das consultas e à necessidade de maior rigor técnico e documental.

A digitalização dos processos e a simplificação dos procedimentos são oportunidades para acelerar investimentos e valorizar o património, mas exigem preparação e acompanhamento técnico especializado. O respeito pelos novos prazos, a atenção às isenções e o domínio das plataformas eletrónicas serão fatores críticos para evitar atrasos, indeferimentos ou sanções.


Precisa de apoio para adaptar o seu projeto às novas regras urbanísticas?

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