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Passeios acessíveis: Largura, mobiliário urbano e boas práticas na Reabilitação Urbana

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 29 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de jun.

A acessibilidade dos passeios e percursos pedonais é um dos temas centrais na reabilitação urbana e no planeamento de espaços públicos e privados de uso coletivo. Considero essencial abordar este tema de forma pragmática, esclarecendo as principais normas, recomendações e desafios práticos para quem pretende criar ou reabilitar espaços verdadeiramente inclusivos.



O que mudou nas normas dos passeios?


A legislação portuguesa evoluiu significativamente nos últimos anos. O Decreto-Lei n.º 123/97 estabelecia uma largura mínima de 2,25m para passeios, mas o DL 163/2006 introduziu uma abordagem mais flexível e focada na acessibilidade real:

  • Largura livre do percurso pedonal: O DL 163/2006 exige apenas que exista um canal contínuo e desimpedido com largura mínima, não impondo uma largura fixa ao passeio no seu todo.

  • Rede de percursos pedonais acessíveis: A acessibilidade deve ser pensada como uma rede, abrangendo toda a área urbanizada e ligando os principais pontos de interesse.


Passeio adaptado as normas de acessibilidades
Passeio adaptado as normas de acessibilidades

Larguras mínimas exigidas


Dependendo do contexto, o DL 163/2006 define diferentes larguras livres mínimas para percursos pedonais:

Contexto

Largura livre mínima

Passeios junto a vias principais/distribuidoras

1,50 m

Pequenos acessos em áreas plantadas (até 7 m)

0,90 m

Restantes percursos pedonais

1,20 m

Troços curtos (até 0,60 m e 1,50 m)

0,80 m ou 0,90 m

O essencial é garantir um percurso pedonal acessível, contínuo e desimpedido, mesmo em passeios de largura variável.


Mobiliário Urbano: Como não criar obstáculos?


O mobiliário urbano, árvores, sinalética e outros elementos não podem prejudicar a largura livre do percurso pedonal. Recomendações práticas:

  • Assegure que a largura livre é respeitada ao longo de todo o percurso.

  • Prefira a disposição regular dos elementos, evitando “provas de slalom”.

  • Alinhe o mobiliário pelo limite adjacente ao percurso acessível, não pelo eixo de cada elemento.

  • Sempre que possível, faça coincidir o limite do percurso acessível com o limite mais regular do passeio.



Recomendações para projetos e reabilitação


  1. Conjugação de fatores: Planeie a largura do passeio considerando o tráfego de peões e a instalação de infraestruturas urbanas.

  2. Hierarquia das vias: Avalie a intensidade do tráfego pedonal, não apenas a classificação rodoviária.

  3. Alinhamento e face livre: Garanta percursos desobstruídos e alinhados para todos os utilizadores.

  4. Alargamentos pontuais: Considere alargamentos junto a passadeiras para aumentar a segurança dos peões.

  5. Exceções e soluções alternativas: Onde não for possível cumprir as larguras mínimas, assegure pelo menos 0,75 m de largura livre e equacione soluções de tráfego misto em ruas estreitas.

  6. Coordenação entre entidades: O cumprimento das normas é da responsabilidade de todos os intervenientes – autarquias, projetistas, empresas de mobiliário urbano, entre outros.


Passeio adaptado para ser mais acessível a pessoas de mobilidade reduzida
Passeio adaptado para ser mais acessível a pessoas de mobilidade reduzida

Normas técnicas essenciais (resumo)


  • Inclinação máxima dos passeios: 6% (longitudinal), 2% (transversal)

  • Altura dos lancis junto a passadeiras: 0,12 m (rebaixamento até 0,02 m)

  • Pavimentos aderentes e diferenciados nas passagens de peões

  • Largura mínima das rampas: 1,50 m; inclinação máxima: 6%

  • Corrimãos e proteções obrigatórios em rampas e escadas

  • Sinalização tátil e visual para pessoas com deficiência visual



Conselhos para projetos acessíveis


  • Planeie desde o início a acessibilidade como parte integrante do projeto.

  • Consulte profissionais qualificados para garantir o cumprimento da legislação e das melhores práticas.

  • Documente e comunique as soluções adotadas, promovendo a partilha de responsabilidade entre todos os intervenientes.

  • Adapte soluções ao contexto local, privilegiando a segurança e o conforto dos utilizadores.



Para refletir


A criação de passeios acessíveis e inclusivos é um compromisso com a qualidade de vida urbana e com o direito de todos à mobilidade. O respeito pelas normas técnicas e a aplicação de soluções inteligentes e coordenadas são fundamentais para transformar as cidades em espaços mais humanos, seguros e funcionais.


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