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Geradores eólicos em casa: o que muda com a lei (e como tirar partido)

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 7 de ago.
  • 3 min de leitura

Produzir a própria energia deixou de ser um luxo: é hoje uma aposta inteligente para reduzir custos e emissões. Se já ponderou montar uma micro-turbina em casa, este post explica, de forma directa e sem jargões, o que diz a legislação portuguesa e que passos seguir.


Moradia em Almada com gerador eólico
Moradia em Almada com gerador eólico

Porque é que vale a pena considerar o micro-vento?


  • Reduz a conta eléctrica e a exposição a flutuações de preço.

  • Complementa a produção fotovoltaica (o vento sopra sobretudo à noite e no Inverno).

  • Valoriza o imóvel, ao incorporar soluções energéticas sustentáveis.




RJUE – instalação sem licenciamento

A instalação de pequenos geradores eólicos associados a uma habitação está enquadrada nas “obras de escassa relevância urbanística” (art.º 6.º-A, n.º 1-g) do RJUE). Na prática:

Limite / Condição

Exigência legal

Subida de cércea

Até +4 m acima da cobertura existente

Raio máximo das pás

1,5 m

Notificação

Obrigatória, antes da montagem

Licença municipal

Dispensada – basta a notificação


O que entregar na notificação:

  1. Localização do equipamento (planta ou croqui).

  2. Cércea e raio do rotor.

  3. Nível de ruído declarativo do fabricante.

  4. Termo de responsabilidade do técnico instalador.


Se respeitar estes limites, o município não pode exigir projecto de arquitectura nem cobrar taxas de licenciamento – apenas confirma a recepção da notificação.

Autoconsumo de energia renovável (Decreto-Lei 162/2019)

  • Geradores até 350 W: instale e ligue, sem registo nem comunicação.

  • Entre 350 W e 30 kW: comunicação prévia no portal da DGEG.

  • Potência superior: requer certificado de exploração e, eventualmente, licença de produção.

Para micro-turbinas domésticas, a regra mais frequente é a comunicação prévia (potência < 30 kW).



Passo a passo para montar um micro-gerador eólico


  1. Análise de vento

    • Meça a velocidade média anual (≥4 m/s é recomendável).

    • Verifique obstáculos (árvores, edifícios) que criem turbulência.

  2. Consulta ao Regulamento Municipal

    • Alguns concelhos impõem zonas de exclusão ou limites de ruído mais apertados.

  3. Escolha do equipamento

    • Prefira modelos certificados e com ruído ≤ 40 dB(A) a 8 m.

    • Verifique garantias e disponibilidade de peças.

  4. Notificação à Câmara Municipal

    • Use a plataforma electrónica ou entregue presencialmente a documentação referida.

  5. Registo na DGEG (quando aplicável)

    • Potências > 350 W exigem registo de UPAC.

  6. Montagem segura

    • Fundações dimensionadas para carga de vento.

    • Desacoplamento de vibrações da estrutura do edifício.

  7. Ligação eléctrica

    • Inversor com protecção anti-ilha.

    • Certificado de instalação assinado por técnico habilitado.



Principais dúvidas respondidas


Tenho de pedir autorização ao condomínio? Sim, a assembleia deve aprovar qualquer intervenção em partes comuns.

Preciso de seguro? Obrigatório apenas acima de 30 kW de potência instalada. Mesmo em potências inferiores, é prudente cobrir danos a terceiros.

E se ultrapassar os 4 m de altura? Deixa de ser obra de escassa relevância. Passa a exigir licenciamento municipal completo.

Quanto barulho faz? Modelos domésticos recentes rondam os 35–40 dB(A) a 8 m (equivalente a uma conversa baixa). Verifique a ficha técnica e mantenha distâncias recomendadas.



Conselhos técnicos antes de avançar


  • Integração arquitectónica – posicione a turbina para minimizar impacto visual e sombras.

  • Resistência estrutural – cada fixação deve resistir a cargas dinâmicas; use aço inox ou galvanizado.

  • Manutenção programada – limpe pás, aperte ligações e troque rolamentos conforme manual.

  • Combinação com fotovoltaico – híbrido sol-vento reduz a necessidade de baterias de grande capacidade.



Para considerar


A lei facilita hoje a instalação de micro-geradores eólicos: basta cumprir limites claros, comunicar ao município e, quando devido, registar a unidade na DGEG. Com planeamento rigoroso, o investimento traduz-se em poupança, autonomia energética e valorização da propriedade.


A AC-Arquitetos trata de todo o processo – da análise de viabilidade ao projecto de integração e submissões legais. Contacte-nos e transforme o vento livre num aliado da sua casa.

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