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Projetos em Áreas Urbanizáveis: Novas regras para obras em curso

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 14 de jun.
  • 3 min de leitura

O Decreto-Lei n.º 10/2024, conhecido como "Simplex Urbanístico", trouxe ajustes significativos ao Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), com impacto direto em projetos de construção ou remodelação já iniciados. Estas mudanças visam agilizar processos, mas exigem atenção a prazos, documentação e responsabilidades técnicas.

A principal inovação está na harmonização entre projetos em curso e novas exigências legais, garantindo segurança jurídica sem prejudicar a dinâmica urbanística.


Casa térrea em construção vista do interior
Casa térrea em construção vista do interior

Principais alterações para projetos em andamento


1. Prazos de decisão recalculados

  • Os prazos para análise de pedidos contam-se a partir da data de submissão inicial, não de etapas intermediárias.

  • Projetos com pedido entregue após 4 de março de 2024 seguem automaticamente o novo RJUE, mesmo que baseados em legislação anterior.


2. Continuidade de direitos adquiridos

  • Obras com alvará válido e execução iniciada antes de 2024 mantêm o regime jurídico original, desde que:

    • Respeitem prazos de conclusão;

    • Não sofram alterações substanciais no projeto.

  • Direitos consolidados por contratos públicos ou decisões administrativas definitivas permanecem protegidos.


3. Adaptação a novas exigências técnicas

  • Intervenções não concluídas até a entrada do novo regime devem adequar-se a:

    • Normas de acessibilidade;

    • Eficiência energética (ex.: isolamento térmico);

    • Requisitos anti-sísmicos.


4. Flexibilização na documentação

  • Projetos aprovados sob legislação anterior não precisam refazer toda a documentação, exceto se houver ampliações ou mudanças de uso.

  • A Câmara Municipal pode aceitar termos de responsabilidade atualizados em vez de exigir novos pareceres técnicos.



Situações que exigem revisão obrigatória


1. Alterações no projeto original

  • Modificações que envolvam:

    • Aumento de área ou altura;

    • Mudança de tipologias de uso;

    • Necessidade de novos pareceres (ex.: impacto ambiental).


2. Obras em Zonas Protegidas

  • Projetos em áreas REN (Reserva Ecológica Nacional) ou RAN (Reserva Agrícola Nacional) exigem:

    • Parecer vinculativo da CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional).

    • Reavaliação mesmo que previamente aprovados.


3. Utilização de edifícios

  • Após conclusão, a autorização de uso dispensa alvará, mas requer:

    • Termo de responsabilidade do Diretor de Obra;

    • Telas Finais (apenas se houver alterações ao projeto).


Riscos e Penalizações

  • Multas até 44.891€ por desconformidade com normas retroativas.

  • Suspensão de alvarás de utilização se forem detetadas irregularidades pós-obra.

  • Dificuldades em transações imobiliárias ou financiamento se o projeto não estiver regularizado.



Conselhos práticos para Proprietários


1. Verifique a documentação

  • Confirme se o projeto possui:

    • Certidão de conformidade com o RJUE;

    • Termos de responsabilidade atualizados.


2. Mantenha diálogo com a Câmara Municipal

  • Solicite certidões de enquadramento legal para confirmar se as regras originais se aplicam.

  • Em caso de dúvida, recorra a Informação Prévia para validar alterações.


3. Atualize equipas técnicas

  • Garanta que arquitetos e engenheiros envolvidos:

    • Conhecem as novas responsabilidades do artigo 10.º do RJUE;

    • Possuem seguro de responsabilidade civil válido.


Casa térrea em construção vista do exterior
Casa térrea em construção vista do exterior

Para considerar


As alterações ao RJUE representam um equilíbrio entre a agilização de processos e a exigência técnica reforçada. Projetos em curso beneficiam de proteções transitórias, mas a fiscalização municipal focará cada vez mais no cumprimento retroativo de normas de segurança e sustentabilidade.

O guia para caminhar neste novo cenário está na prevenção: documentação rigorosa, acompanhamento técnico especializado e comunicação proativa com as entidades camarárias. Projetos mal estruturados ou com lacunas técnicas poderão enfrentar embargos ou custos adicionais imprevistos.



Na AC-Arquitetos, oferecemos:

  • Análise jurídica de projetos em curso;

  • Regularização de licenças e Comunicações Prévias;

  • Acompanhamento técnico para cumprir o RJUE.




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