Evite o indeferimento do pedido de Licença: Erros camarários e como preveni-los
- Ana Carolina Santos
- 16 de set.
- 3 min de leitura
Na área de arquitetura e construção em Portugal, um dos maiores obstáculos para o avanço dos projetos reside no indeferimento dos pedidos de licença pelas Câmaras Municipais. Conhecer os motivos mais frequentes de rejeição e saber como contorná-los é determinante para que o seu projeto não fique parado de forma inesperada.

Principais motivos de Indeferimento
A legislação portuguesa, nomeadamente o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), enumera diversas situações que levam ao indeferimento dos pedidos junto das autarquias.
Violação de planos municipais ou intermunicipais de ordenamento do território.
Desrespeito pelas normas legais ou regulamentares aplicáveis ao projeto, como cérceas, volumetria e integração paisagística.
Falta de infraestruturas essenciais, como acesso a arruamentos, abastecimento de água ou saneamento.
Parecer negativo de entidades externas com competências vinculativas (i.e., Património Cultural, CCDR).
Afectação negativa de património, paisagem, infraestruturas públicas ou sobrecarga dos serviços existentes.
Erros comuns na Instrução do Pedido
A tramitação processual exige atenção aos detalhes e rigor na documentação e no contacto com as entidades envolvidas. Estas são algumas falhas frequentes:
Incompletude ou desconformidade dos projetos de arquitetura e especialidades.
Falta de declarações dos autores e coordenadores dos projetos, nomeadamente termos de responsabilidade tecnicamente válidos.
Ausência de consultas prévias obrigatórias a entidades externas relevantes.
Submissão de documentos que não respeitam a validade exigida ou não cumprem requisitos legais.
Não observância das normas técnicas de acessibilidade, ambiental e de segurança.
Como prevenir o Indeferimento
Adote uma estratégia preventiva e organizada desde o início do projeto. Os seguintes conselhos ajudam a evitar bloqueios camarários:
Certifique-se de que o projeto está em total conformidade com o Plano Diretor Municipal (PDM) e outros instrumentos territoriais aplicáveis.
Verifique os regulamentos municipais e as normas técnicas em vigor, especialmente as relativas à acessibilidade (Decreto-Lei 163/2006), segurança e salubridade.
Efetue consultas prévias às entidades externas exigidas, reunindo os pareceres necessários antes da instrução formal.
Instrua corretamente o pedido com toda a documentação exigida, tendo atenção aos prazos de validade dos documentos.
Redija e junte termos de responsabilidade adequados e assinados por técnicos habilitados.
Apresente elementos instrutórios completos: memória descritiva, peças desenhadas, plantas topográficas e estudos técnicos obrigatórios.
Reúna os comprovativos de pagamento das taxas camarárias antes da entrega do processo.
Nota: A maioria dos indeferimentos resulta de falhas formais ou regulamentares evitáveis com preparação e rigor.
Exemplos práticos
Projeto com volumetria fora dos parâmetros definidos pelo PDM pode ser imediatamente indeferido pela autarquia.
Submissão sem o termo de responsabilidade do arquiteto responsável obriga a correção e possível rejeição liminar.
Ignorar parecer negativo da CCDR, mesmo quando não vinculativo, pode atrasar ou inviabilizar o licenciamento.
Obras em edifícios classificados exigem parecer favorável prévio do Património Cultural, sob pena de recusa automática.
Conselhos úteis
Consulte regularmente as versões atualizadas dos diplomas legais e regulamentos municipais.
Trabalhe com profissionais qualificados e experientes na área do urbanismo e arquitetura.
Documente todas as etapas do processo e comunicações com as entidades envolvidas.
Tenha especial atenção à instrução digital do pedido via plataforma eletrónica municipal.
Antecipe-se a possíveis correções ou pedidos adicionais, mantendo uma postura colaborativa com os serviços camarários.
Para considerar
Evitar o indeferimento começa com o compromisso pela conformidade normativa e documental. Cada detalhe importa e a articulação correta entre regulamentos, pareceres e prazos é decisiva para licenciar a sua obra sem surpresas. Para dúvidas específicas ou acompanhamento profissional, conte com o apoio técnico de um arquiteto especializado – a diferença entre um processo bem-sucedido e um bloqueio pode estar numa simples consulta.