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Percursos Acessíveis: Conceito fundamental e soluções visuais para espaços públicos e edifícios

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 27 de ago.
  • 4 min de leitura

A acessibilidade é mais do que uma obrigação legal ou um conceito técnico — é uma premissa essencial para garantir inclusão, autonomia e qualidade na vivência dos espaços urbanos e edifícios. Neste post, desenvolvido para quem procura informação clara e rigorosa sobre acessibilidade, exploramos de forma sintética e visual o conceito de “percurso acessível” em edifícios e espaço público, organizado para fácil leitura e aplicação prática.

Ao longo deste texto irá encontrar exemplos, conselhos e pontos-chave que fazem a diferença para utilizadores de todas as idades e mobilidades. Tudo de acordo com a legislação portuguesa actual, sempre com a experiência da AC-Arquitetos.


Hotel em Lisboa com um bom nível de acessibilidade
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O que é um Percurso Acessível?


O percurso acessível é um trajeto, contínuo e seguro, concebido para assegurar que pessoas com mobilidade condicionada possam circular, entrar, sair e utilizar de forma autónoma todos os espaços e edifícios, públicos ou privados. Segundo o Decreto-Lei n.º 163/2006 e o RGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas), estes percursos devem estar presentes tanto no desenho do espaço público (ruas, praças, jardins) como no interior de edifícios habitacionais, de serviços e estabelecimentos de uso colectivo.



Princípios do Percurso Acessível:


  • Não pode apresentar obstáculos físicos significativos (degraus, lancis, zonas estreitas, mobiliário mal posicionado)

  • Deve permitir a circulação com conforto e segurança de pessoas em cadeira de rodas, carrinhos de bebé, pessoas idosas ou com mobilidade reduzida

  • Tem de garantir ligação entre todos os principais pontos de interesse do espaço público ou edifício

  • Inclui sinalização, dimensão mínima e superfícies de fácil deslizamento



Critérios essenciais para Percursos Acessíveis


Largura e dimensões

  • Passeios e caminhos: largura mínima de 1,2m a 1,5m, conforme o contexto;

  • Corredores e zonas de manobra: garantir circulação e mudança de direcção a pessoas em cadeira de rodas;

  • Entradas de edifícios: zona para rotação de 360º.


Inclinações e desníveis

  • Rampas suaves (geralmente até 6%);

  • Desníveis superiores a 2cm devem ser vencidos por rampas, e nunca por degraus isolados;

  • Escadas complementadas por rampas ou plataformas elevatórias quando necessário.


Superfícies e materiais

  • Piso antiderrapante, estável e sem variações bruscas de nível;

  • Juntas, grelhas e aberturas no piso abaixo de 2cm de largura.


Sinalização e orientação

  • Sinalização tátil e visual para orientação de pessoas com deficiência visual/baixa visão;

  • Sinalética clara para indicar o percurso acessível, entradas e instalações adaptadas.


Portas, entradas e obstáculos

  • As portas de acesso devem apresentar largura mínima (normalmente 0,77m a 0,87m);

  • Evitar portas pesadas, molinetes, torniquetes e barreiras físicas.


Elementos complementares

  • Corrimãos em rampas e escadas, a alturas e dimensões definidas;

  • Zonas de descanso e bancos estratégicos para suportar utilizadores em percurso longo.



Exemplo visual de Percurso Acessível


Para compreender melhor, visualize este percurso:

  • Porta de entrada do edifício: acesso nivelado, sem degrau, com área para rotação de cadeira de rodas.

  • Corredor de circulação: largura contínua sem afunilamentos, pavimento antiderrapante.

  • Rampas: inclinação suave, corrimãos duplos e plataformas de descanso.

  • Elevador: dimensão mínima para cadeira de rodas, comandos acessíveis.

  • Sanitários acessíveis: zona de manobra e barras de apoio.

No espaço público:

  • Passeio contínuo: sem interrupção de lancis ou mobiliário mal posicionado.

  • Passagem de peões: lancil rebaixado, pavimento tátil e sinalização luminosa.

  • Rampa de transição entre níveis: material antiderrapante, inclinação regulada, corrimãos.



Sistema de itens: O essencial a garantir


  • Canal de circulação contínuo, sem barreiras físicas

  • Largura mínima e altura livre adequadas ao tipo de utilização

  • Piso regular, sem ressaltos nem superfícies escorregadias

  • Mudanças de nível resolvidas por rampas ou elevadores/plataformas

  • Espaço para rotação/mudança de direção em corredores e patamares

  • Sinalização tátil e visual, com indicações adaptadas a todos

  • Elementos de apoio: corrimãos, bancos e zonas de descanso

  • Entradas acessíveis, portas adaptadas e comandos a altura correta

  • Sanitários e equipamentos de autoatendimento adaptados

  • Cumprimento de toda a legislação nacional em vigor


Campo Desportivo em Sintra com um bom nível de acessibilidade
Campo Desportivo em Sintra com um bom nível de acessibilidade

Perguntas frequentes


1. Preciso de adaptar um edifício existente aos percursos acessíveis? A lei prevê adaptações graduais e fundamentadas, sempre procurando garantir mínimo de um percurso acessível. Tal pode ser faseado e justificado tecnicamente quando tecnicamente ou financeiramente inviável cumprir 100% dos requisitos para casos muito específicos.

2. As rampas podem substituir todos os degraus? Sim, desde que respeitem as inclinações máximas, largura e plataformas de descanso. Rampas demasiado íngremes são desconfortáveis e perigosas.

3. No espaço público, quem é responsável pela acessibilidade dos percursos? A responsabilidade recai sobre a administração pública (central e local), nas zonas privadas sobre os proprietários/construtores e, em ambos, sobre os projetistas e coordenadores de obra.



Conselhos práticos para Promotores, Condomínios e Particulares


  • Avalie os trajetos do “dia-a-dia” dos utilizadores, não apenas os acessos principais;

  • Considere a integração de soluções de acessibilidade desde o início do projeto;

  • Implemente sinalização inclusiva: elementos táteis e visuais padronizados;

  • Opte por materiais de alta durabilidade e baixos custos de manutenção;

  • Mantenha as áreas acessíveis desimpedidas e seguras ao longo do tempo;

  • Consulte técnicos especializados e arquitetura adaptada para garantir o cumprimento legal e funcional;

  • Realize manutenção regular — acessibilidade depende de superfície sem obstáculos e equipamentos em funcionamento.



Para considerar


A construção e reabilitação de espaços acessíveis não é apenas uma imposição regulamentar, mas um compromisso com a dignidade, autonomia e inclusão de todas as pessoas. Com soluções bem integradas, todos beneficiam: residentes, visitantes, clientes e a própria cidade.

Os percursos acessíveis não são “extras”; são soluções de qualidade que aumentam o valor patrimonial, a segurança e a funcionalidade dos edifícios. Projetar com acessibilidade é sinal de visão, responsabilidade social e excelência.

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