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ROI em Projetos Imobiliários: como calcular, avaliar riscos e decidir com segurança

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 6 de out.
  • 4 min de leitura

Em poucas palavras: o ROI só é fiável se for calculado com fluxos de caixa reais, prazos coerentes e custos completos (projeto, licenças, construção, financiamento, impostos e saída). Usar cenários e a sensibilidade é o que separa um “bom negócio” de uma decisão informada.


ROI rigoroso = custos completos + prazos realistas + riscos quantificados.

Edifício na Baixa Pombalina após obras de reabilitação e remodelação
Edifício na Baixa Pombalina após obras de reabilitação e remodelação

O que é o ROI e porque interessa no imobiliário


O Retorno do Investimento (ROI) mede a rentabilidade de um projeto face ao capital investido. Em imóveis, serve para comparar oportunidades, validar a viabilidade e apoiar decisões de compra, promoção, reabilitação ou arrendamento.

  • Fórmula base: ROI = (Lucro líquido / Investimento total) × 100

  • Para comparação entre alternativas, é essencial normalizar no tempo (anualizar) ou, melhor, usar métricas complementares como TIR e VAL.



O que entra no “Investimento total”?


Para que o ROI reflita a realidade, inclua todos os custos ao longo do ciclo de vida:

  • Aquisição: preço, IMT, Imposto do Selo, escrituras, comissões

  • Projeto e técnicos: arquitetura, especialidades, coordenação, fiscal/DO

  • Procedimentos camarários e taxas: licenciamento/comunicação prévia, taxas urbanísticas, TRIU, compensações e cauções

  • Construção e reabilitação: empreitada, revisões de preço, imprevistos (contingência 7–15%)

  • Acessibilidades e cumprimento normativo: soluções e ajustes que assegurem conformidade técnica (afetam custos e prazos)

  • Infraestruturas e ligações: água, saneamento, eletricidade, telecomunicações

  • Financiamento: juros durante a obra, comissões bancárias, spreads e custos de amortização

  • Seguros e segurança: obra, responsabilidade civil, SCR

  • Comercialização/saída: marketing, mediação, escrituras, eventuais descontos

  • Fiscalidade operacional: IMI, derramas, IVA (quando aplicável), tributação de mais‑valias

Conselho: crie uma grelha de custos por fases (aquisição, projeto/licenciamento, obra, comercialização) e estruture cenários Base, Conservador e Otimista.



O que entra no “Lucro líquido”


  • Venda: preço de venda total menos custos de venda e impostos

  • Arrendamento: rendas líquidas durante o período de exploração, menos despesas operacionais e impostos

  • Incentivos: subsídios ou benefícios fiscais, se existirem

  • Valor residual: se mantiver o ativo, estime um valor de saída prudente (com desconto pelo risco e custos de transação futuros)



Quatro métricas que devem acompanhar o ROI


  • Payback: tempo para recuperar o investimento

  • ROI anualizado: compara projetos com durações diferentes

  • TIR (Taxa Interna de Rentabilidade): rentabilidade considerando o valor temporal do dinheiro

  • VAL (Valor Atual Líquido): valor criado após descontar o custo de capital

Conselho: defina um “hurdle rate” (taxa mínima aceitável) alinhado com o risco do projeto e do mercado local.



Passo a passo: cálculo prático


  1. Levantamento e validação

  2. Verifique o enquadramento urbanístico (uso, índices, condicionantes)

  3. Liste condicionantes técnicas (acessibilidades, SCIE, acústica, térmica) que impactem área e custos

  4. Confirme custos de financiamento e prazos de decisão municipal

  5. Cronograma e cash‑flow

  6. Distribua custos e receitas por meses/trimestres

  7. Inclua carência bancária, juros intercalares e contingência

  8. Preveja deslizes de prazo (buffers de 10–20%)

  9. ROI e anualização

  10. ROI = (Receitas totais – Custos totais) / Custos totais

  11. ROI anualizado ≈ (1 + ROI)^(12/meses) – 1

  12. Sensibilidade e cenários

  13. Teste: +10% custo construção; –5 a –10% preço de venda; +6–12 meses de prazo

  14. Identifique o break‑even: a partir de que preço/custo o ROI fica nulo

  15. Decisão

  16. Compare com a taxa mínima pretendida e alternativas de investimento

  17. Ajuste programa (tipologias, faseamento, CAPEX) para otimizar o retorno risco



Riscos críticos a controlar


  • Mercado: absorção, concorrência, poder de compra, taxas de juro

  • Licenciamento: tramitação, pedidos de elementos, pareceres externos

  • Obra: disponibilidade de empreiteiros, revisões de preço, supply chain

  • Normativo: requisitos técnicos que implicam soluções construtivas (podem reduzir área útil vendável e/ou impor custos adicionais)

  • Financiamento: condições de crédito, covenants, prazos de drawdown

  • Fiscal: alterações tributárias e benefícios aplicáveis

Conselho: mantenha uma contingência de custos e de prazo explícita e governada; atualize trimestralmente as premissas.


Edifício na Baixa Pombalina após obras de reabilitação e remodelação, visto do interior
Edifício na Baixa Pombalina após obras de reabilitação e remodelação, visto do interior

Exemplos práticos de aplicação


  • Promoção para venda: margens dependem fortemente do preço de saída e do ciclo de vendas; a TIR penaliza atrasos na obra e licenciamento.

  • Reabilitação para arrendamento: avalie também cash‑on‑cash e yield líquido; payback e TIR são sensíveis ao custo de capital e manutenção.

  • “Comprar para reconverter”: analise a perda de área utilizável, demolições necessárias e reforços estruturais; compare com aquisição de raiz.



Boas práticas de projeto e gestão que protegem o ROI


  • Programa realista: alinhar tipologias com procura local e ticket médio

  • Engenharia de valor: soluções construtivas que otimizem custo/benefício sem sacrificar desempenho e conformidade

  • Contratação: caderno de encargos fechado, proposta comparável, retenções e plano de pagamentos por milestones

  • Monitorização: relatório de custo e prazo mensal, gestão de alterações e claims

  • Planeamento fiscal: estrutura societária, IVA/IRC, benefícios e isenções quando aplicáveis



Perguntas‑chave antes de avançar


  • O ROI anualizado e a TIR superam o meu hurdle rate?

  • Os cenários conservadores mantêm VAL positivo?

  • Existem alternativas de programa (mix de tipologias, faseamento) que melhorem a relação risco/retorno?

  • A estratégia de saída está validada com dados de mercado atuais?



Conselhos finais


  • Trabalhe com preços de venda e custos de construção obtidos no mercado atual, atualizando trimestralmente.

  • Nunca aprove um investimento com base num único cenário. Exija sempre sensibilidade e análise de risco.

  • Formalize governance: gates de decisão, critérios de “go/no‑go”, limites de variação de CAPEX e prazo.



Para considerar


Projetos imobiliários vencedores combinam rigor de orçamento, realismo de prazos e disciplina na gestão de risco. O ROI é um ponto de partida; a decisão certa nasce de fluxos de caixa fiáveis, TIR/VAL positivos e um plano de execução sólido.


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