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Conteúdo essencial do Plano de Acessibilidades: elementos técnicos indispensáveis para conformidade legal

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 14 de jul.
  • 3 min de leitura
Um Plano de Acessibilidades completo é mais do que desenhos técnicos — é a garantia documental de que o projeto respeitará a mobilidade universal desde a conceção até à execução.

Projeto de Arquitetura de edifício de habitação coletiva, cumprindo os requisitos do Decreto-Lei 163/2006
Projeto de Arquitetura de edifício de habitação coletiva, cumprindo os requisitos do Decreto-Lei 163/2006

O Decreto-Lei n.º 163/2006 estabelece que determinadas operações urbanísticas devem incluir um Plano de Acessibilidades como peça obrigatória do processo de licenciamento. Este documento técnico vai muito além de uma simples formalidade: constitui a ferramenta que demonstra, de forma detalhada e fundamentada, como o projeto assegura condições de mobilidade para todas as pessoas, incluindo aquelas com mobilidade condicionada.



O que é e quando é exigível?


O Plano de Acessibilidades é um documento técnico especializado que apresenta a rede de espaços e equipamentos acessíveis bem como soluções de detalhe métrico, técnico e construtivo, esclarecendo as soluções adoptadas em matéria de acessibilidade. É obrigatório para:

Tipo de Operação

Quando se aplica

Loteamentos

Todos os pedidos de Licenciamento

Obras de urbanização

Construção de infraestruturas públicas

Obras de edificação

Edifícios que recebem público e habitação

Alterações e ampliações

Quando aumentam área ou alteram uso


Estrutura fundamental do plano



1. Memória descritiva e justificativa

A memória constitui o elemento textual que contextualiza e explica as soluções adoptadas. Deve incluir:

  • Caracterização da intervenção — tipologia, localização e âmbito da obra

  • Análise da envolvente — identificação de condicionantes existentes

  • Justificação das soluções — explicação técnica das opções tomadas

  • Referência normativa — citação das disposições legais aplicáveis



2. Rede de espaços e equipamentos acessíveis

O Plano deve demonstrar a existência de percursos acessíveis contínuos que liguem todos os pontos relevantes:

  • Via pública — passeios, atravessamentos e estacionamento

  • Acessos ao edifício — entradas principais e alternativas

  • Espaços interiores — corredores, salas, instalações sanitárias

  • Espaços exteriores — pátios, terraços e zonas de lazer

  • Comunicações verticais — escadas, rampas, ascensores



3. Soluções técnicas de detalhe


Especificações métricas obrigatórias

  • Larguras mínimas — corredores ≥ 1,20 m; portas ≥ 0,77 m

  • Inclinações — rampas ≤ 6% (≤ 8% em casos especiais)

  • Áreas de manobra — rotação 360° (Ø 1,50 m mínimo)

  • Alturas livres — ≥ 2,00 m em espaços interiores


Detalhes construtivos específicos

  • Revestimentos — superfícies estáveis, firmes e antiderrapantes

  • Ressaltos — máximo 0,02 m entre pavimentos

  • Elementos salientes — limitação de projeções perigosas

  • Sinalização — marcas táteis e contrastes cromáticos



Peças desenhadas indispensáveis


Plantas de acessibilidades

  • Planta de conjunto — percursos exteriores e estacionamento

  • Plantas por piso — circulações interiores detalhadas

  • Plantas de Pormenor — instalações sanitárias adaptadas

  • Cortes e alçados — verificação de alturas e inclinações


Desenhos técnicos especializados

  • Pormenores construtivos — rampas, corrimãos, soleiras

  • Esquemas de sinalização — localização de símbolos e marcas

  • Detalhes de equipamentos — ascensores, plataformas elevatórias

  • Soluções de drenagem — escoamento em rampas e pátios



Termo de Responsabilidade

O Plano deve ser acompanhado de termo de responsabilidade subscrito por técnico legalmente habilitado que ateste:

  • Cumprimento do Decreto-Lei n.º 163/2006

  • Observância das normas técnicas aplicáveis

  • Identificação de eventuais não-conformidades justificadas

  • Responsabilidade técnica pela correção das soluções



Elementos complementares essenciais


Cálculos justificativos

  • Dimensionamento de rampas — demonstração de inclinações e patamares

  • Verificação de áreas — comprovação de espaços mínimos

  • Análise de percursos — medição de distâncias máximas

  • Quantificação de lugares PMR — cálculo de estacionamento reservado


Especificações de materiais

  • Pavimentos — características antiderrapantes e drenantes

  • Corrimãos — dimensões, materiais e fixações

  • Equipamentos — ascensores, barras de apoio, louças

  • Sinalização — dimensões, cores e posicionamento


Projeto de Arquitetura de edifício de habitação coletiva, cumprindo os requisitos do Decreto-Lei 163/2006
Projeto de Arquitetura de edifício de habitação coletiva, cumprindo os requisitos do Decreto-Lei 163/2006

Situações especiais a considerar


Edifícios existentes

Em reabilitações, o Plano deve:

  • Identificar limitações estruturais

  • Propor soluções alternativas viáveis

  • Justificar eventuais não-conformidades

  • Demonstrar melhorias relativamente ao estado anterior


Exceções fundamentadas

Quando o cumprimento integral seja impraticável:

  • Caracterizar as limitações — físicas, técnicas ou económicas

  • Demonstrar alternativas — soluções compensatórias

  • Fundamentar tecnicamente — parecer de especialista

  • Documentar adequadamente — para consulta pública



Alertas técnicos importantes


  • Coordenação com especialidades — verificar compatibilidade com projetos de águas, eletricidade e estruturas

  • Verificação dimensional — confirmar medições em obra face ao projeto

  • Atualização normativa — considerar eventuais alterações regulamentares em curso

  • Manutenção posterior — prever acesso para limpeza e conservação de equipamentos



Para refletir


O Plano de Acessibilidades representa muito mais que uma obrigação legal: é a ferramenta que materializa o princípio da mobilidade universal no ambiente construído. A sua qualidade técnica e rigor dimensional determinam, em última análise, se o espaço criado será verdadeiramente inclusivo ou apenas formalmente conforme. Investir numa elaboração cuidadosa deste documento é assegurar que o projeto servirá efetivamente todas as pessoas ao longo da sua vida útil.


Precisa de elaborar um Plano de Acessibilidades tecnicamente rigoroso e legalmente conforme? Contacte a equipa da AC-Arquitetos.

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