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Telas Finais — As plantas “fiéis” à obra concluída

  • Foto do escritor: Ana Carolina Santos
    Ana Carolina Santos
  • 18 de jul.
  • 2 min de leitura

Quando a obra chega ao fim, há um último passo que garante que a construção correspond​e ao que foi aprovado: a entrega das telas finais. Sem este dossiê “as built”, a Câmara Municipal não autoriza a utilização do edifício.


1. O que são Telas Finais?


Conjunto actualizado de plantas, cortes e alçados (arquitectura + especialidades) que espelha exactamente o que foi construído – incluindo alterações ocorridas em obra – e substitui o projecto aprovado para todos os efeitos legais.



Telas finais são a “fotografia técnica” da obra pronta – a prova documental de que se executou o que foi licenciado.



  • RJUE, art.º 62-A (Decreto-Lei 555/99): utilização só pode iniciar-se após entrega do termo de responsabilidade e das telas finais com alterações assinaladas.

  • Obriga à submissão digital via Plataforma Eletrónica dos Procedimentos Urbanísticos desde 2026 (art.º 8.º-A).

  • Falta de telas finais impede emissão de certidão para registo/IMI e pode originar contra--ordenação (art.º 98).



3. Para que servem?


  • Comprovar à Câmara que a obra está em conformidade com o licenciado.

  • Permitir a emissão da licença de utilização, indispensável a escrituras, empréstimos bancários e ligação de utilidades.

  • Documentar “o que ficou lá dentro” para manutenções, renovações ou futuras ampliações.

  • Proteger dono-de-obra e técnicos: se houver litígios, as telas finais são a referência contratual.



4. Quem prepara e assina?


  1. Autor de cada especialidade actualiza os respectivos desenhos.

  2. Coordenador de projecto verifica compatibilidades.

  3. Director de obra confirma correspondência com o executado e assina termo de responsabilidade.

Todos submetem digitalmente (formato PDF/A ou BIM), usando assinatura qualificada.



5. Conteúdo mínimo


  • Plantas, cortes e alçados à escala do projecto inicial.

  • Quadros de áreas actualizados.

  • Lista de materiais e equipamentos alterados.

  • Memória-descritiva sumária das modificações.

  • Ficheiro georreferenciado (quando município exigir).



6. Passo-a-passo para entregar sem sobressaltos


  1. Recolher marcações de obra: alterações, desníveis, redes instaladas.

  2. Rever contra projecto aprovado: assinalar diferenças a cores.

  3. Exportar em digital normalizado: cumprir normas municipais.

  4. Carregar na Plataforma: identifica-se operação e anexa-se termo de responsabilidade.

  5. Confirmar recepção automática: guardar comprovativo com carimbo temporal.



7. Conselhos de Arquiteta


  • Integre a actualização das telas no contrato com os projectistas; sai mais barato do que refazer tudo à pressa.

  • Não espere pelo fim: vá actualizando ficheiros à medida que as alterações são aprovadas.

  • Arquive também a maquete BIM; dentro de uns anos, será ouro para pequenas reabilitações.



Consequência de não entregar

Situação

Impacto prático

Obras concluídas sem telas finais

Não há autorização de utilização; sem água/luz; escritura bloqueada.

Entrega incompleta

Notificação para suprir; risco de coima (até 225 000 € para empresas).

Alterações não assinaladas

Responsabilidade disciplinar dos técnicos; possível ordem de reposição.


Para refletir


As telas finais não são burocracia extra: são segurança jurídica para o investidor, memória técnica para o edifício e garantia urbanística para a cidade. Invista nelas com o mesmo rigor que dedicou ao projecto.


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